O risco de impactos de asteróides , como a explosão do meteorito Chelyabinsk, que devastou a cidade russa no início deste ano pode ser 10 vezes maior do que se pensava, é o que vários novos estudos sobre a origem dos meteoritos pode nos revelar.
A explosão do meteorito sobre Chelyabinsk, na Rússia, no dia 15 de Fevereiro foi a primeira entrada de um objeto deste tamanho gravada em vídeo, e foi muito conhecido por causar danos substanciais e lesões. Foi a maior explosão dos últimos tempos desde o famoso evento de Tunguska, em 1908, também na Rússia.
Mergulhadores recuperaram do fundo do lago Chebarkul em 16 Outubro, o maior fragmento conhecido do meteorito Chelyabinsk, com peso de cerca de 650 kg. Satélites também registraram a entrada do meteorito na atmosfera terrestre.
Diversos estudos sobre a explosão do meteorito em Chelyabinsk foram detalhados em edições das revistas Science e da Journal Nature dessa semana.
Onda de choque
A onda de choque do asteróide começou a se desenvolver com cerca de 90 quilômetros a partir do solo. A bola de fogo teve seu pico de brilho e temperatura a uma altitude de cerca de 30 Km, a uma velocidade de aproximadamente 18,6 Km por segundo (ou 67.000 Km/h). Essa onda de choque quebrou as janelas de mais de 3.600 prédios e mais de 1.200 pessoas foram hospitalizadas naquele dia. Ao todo, a onda de choque atingiu uma área de 90 quilômetros ao redor da região do impacto.
"Se a humanidade não quer seguir o mesmo caminho dos dinossauros, precisamos nos aprofundar mais no estudo de eventos como este" disse Qing Zhu Yin, da Universidade da Califórnia, em Davis, co-autor de um artigo sobre o evento Chelyabinsk que será publicado no dia 7 Novembro na revista Science.
Os cientistas estimam que a energia total do evento foi equivalente a uma explosão de cerca de 500 quilotons de TNT. Em comparação, as bombas atômicas que destruíram Hiroshima e Nagasaki, cada uma tinha o poder explosivo de apenas cerca de 16 quilotons de TNT.
Estes estudos revelam que os danos causados por impactos de asteróides são diferentes daqueles causados por uma bomba nuclear, isso porque um bomba nuclear acaba concentrando toda a sua energia, que é liberada a partir de um único ponto. Em contraste, os asteróides tendem a quebrar-se quando caem, espalhando seus danos e difundindo a grande energia do impacto.
Mais brilhante do que o Sol
Em seu brilho máximo, a bola de fogo parecia ser 30 vezes mais brilhante que o Sol. De mais de 1.000 pessoas entrevistadas pela Internet, 25 relataram queimaduras, 315 sentiram um calor muito quente, e 415 sentiram uma leve onda de calor. Em Korkino, 30 km do ponto de brilho máximo, uma pessoa relatou descamação de pele após uma leve queimadura (por conta dos raios ultravioleta que intensificam os efeitos do impacto).
Os investigadores estimaram que o asteróide Chelyabinsk pesava cerca de 12.000 toneladas e um diâmetro de cerca de 19 metros, embora tenha deixado um buraco de apenas 7 m de largura no gelo. Com base em análises da composição do meteorito, os pesquisadores sugerem que Chelyabinsk era o tipo mais comum de meteorito, um condrito LL, o mesmo tipo que o asteróide Itokawa, a partir do qual a sonda japonesa Hayabusa coletou amostras alguns anos atrás. Os cientistas estimaram que o asteróide Chelyabinsk tinha cerca de 4,45 bilhões de anos.
Apenas uma pequena fração do asteróide atingiu o solo como meteorito (de 4.000 a 6.000 kg, ou menos de 0,05%), significativamente menor do que o esperado.
A origem do asteróide
Rastro do meteoro no dia 15/02 - Créditos: Russian Emergency Ministry
Jenniskens calculou que Chelyabinsk pode ter vindo da família de asteróides chamada "Flora", no cinturão de asteróides interior. No entanto, o pedaço que atingiu Chelyabinsk não pode ter quebrado no próprio cinturão de asteróides. Análises das rochas sugerem que aparentemente ele foi exposto a raios cósmicos por apenas cerca de 1.2 milhão de anos, que é um período muito curto para rochas originárias da família Flora. Jenniskens especula que o asteróide Chelyabinsk pertencia a uma maior "pilha de escombros" que se desfez há 1.2 milhão de anos, possivelmente após um encontro com a força gravitacional da Terra.
Com base em análises do meteorito Chelyabinsk, os cientistas preveram um número de asteróides de 10 a 50 metros de largura que podem colidir com a Terra, e esse número pode ser 10 vezes maior do que se pensava.
Eles realizaram uma pesquisa global em áreas de explosões que sofreram impactos de pelo menos 1 quiloton e descobriram que os modelos sugerem uma chance de 13% de um impacto igual ou maior que o de Chelyabinsk para um período aleatório de 20 anos.
Embora o evento Chelyabinsk possa ser julgado como um caso isolado, um impacto de 1.500 quilotons provavelmente aconteceu em 1.963, e o impacto de Tunguska em 1.908 foi de 3.000 a 15.000 quilotons. Isso mostra que o número desses grandes eventos sugerem que objetos deste tamanho podem atingir a Terra com mais freqüência do que se estimava atualmente.
"Podem haver mais objetos, com dezenas de metros que podem afetar a Terra... e isso não foi sugerido através de observações por telescópios", informa o autor do estudo, Peter Brown, cientista planetário da Universidade de Western Ontario e principal autor de um dos dois estudos divulgados hoje (06/11) na revista Nature.
A Terra está ameaçada ?
Jenniskens disse que o asteróide Chelyabinsk pode ter gerado escombros que futuramente ainda podem atingir a Terra. Isso pode explicar por que o risco de grandes rochas atingirem o planeta é maior do que o atualmente conhecido.
"O asteróide Chelyabinsk era pequeno demais para ser detectado, e há milhões de asteróides deste tamanho que são desconhecidos", disse Jirí Borovicka, astrônomo da Academia de Ciências da República Checa em Ondrejov e principal autor de um dos dois estudos sobre o meteorito. " Outro corpo deste tamanho pode atingir a Terra sem avisar a qualquer momento, mas felizmente, estes corpos não causam grandes desastres... somente danos locais, e o mais provável é que o próximo impacto seja sobre uma região despovoada".
"Não há registros de impactos globalmente devastadoras que possam acontecer nos próximos 100 anos, mas eventos como o de Chelyabinsk são mais comuns do que pensávamos, e devemos encontrar uma maneira de lidar com isso", acrescentou Brown.
"Tentar fazer um levantamento de objetos com 20 metros não é prático, uma vez que existem milhões deles, mas um sistema para detectá-los quando estão em rota de colisão seria muito bom. Não poderemos alterar a rota do objeto, mas podemos fornecer dados sobre os possíveis locais de impacto e informar as autoridades locais para que sejam feitos sistemas de evacuação, o que pode salvar muitas vidas".
Fonte: Space
Imagem: NatGeo
06/11/13
devastou, acho que não.
ResponderExcluirPensei o mesmo!
ExcluirEstá na hora de começarmos a fazer algo contra eventos desse tipo...
ResponderExcluir