Monstruosa explosão de raios gama foi observada em nossa 'vizinhança cósmica'

"Foi algo monstruoso" - Daniele Malesani, astrofísico do Instituto Niels Bohr, da Universidade de Copenhague


Explosões de raios gama são explosões violentas de radiação gama associadas com explosões de estrelas massivas. Pela primeira vez, pesquisadores do Instituto Niels Bohr, entre outros, conseguiram observar uma gigantesca e poderosa explosão de raios gama no Universo, e isso aconteceu relativamente próximo de nós. Os resultados foram publicados na revista científica Science.

Quando os astrônomos observam explosões de raios gama, não é possível ver a estrela propriamente, pois seu brilho é muito fraco para ser visto de tão distante, porém, quando ela 'morre', se ela explodir como uma supernova, é possível vê-la de locais muito, muito distantes.

Quando a estrela explode como uma supernova, pode ocorrer uma violenta explosão de radiação gama. A explosão acontece muito rapidamente, e é chamada de explosão de raios gama. Explosões de raios gama são extremamente brilhantes e podem ser vistas em todo o Universo, porém, não se pode enxergá-las a partir de telescópios da Terra, uma vez que a atmosfera terrestre absorve a radiação gama. Portanto, a fim de ver explosões de raios gama, os astrônomos usam telescópios espaciais.

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O satélite Swift, lançado em 2004, monitora o espaço e descobre cerca de 100 explosões de raios gama por ano. Você deve estar pensando: -"então as explosões de raios gama são comuns?!"- Na verdade, essa explosão observada recentemente foi um pouco 'diferente'.

Daniele Malesani é PhD em Astrofísica e trabalha no Dark Cosmology Centre
Créditos: Daniele Malesani

"De repente, vi uma explosão de raios gama extremamente brilhante! Algo realmente monstruoso. Esta é uma das mais poderosas explosões de raios gama já observadas com o satélite Swift ", explica o astrofísico Daniele Malesani, do Centro de Cosmologia Escuro, no Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague.

Daniele explica ainda que assim que a explosão de raios gama é detectada, os satélites direcionam seus instrumentos para medir raios-X, radiação ultravioleta e luz visível. Tudo acontece muito rapidamente, porque a explosão de raios gama desaparece em menos de 1 minuto. Após isso, também são feitas observações utilizando telescópios na Terra.


A revelação do 'Afterglow'

Close-up da explosão de raios gama,
registrado no ultravioleta,
pelo telescópio ótico do satélite Swift

"Nós seguimos o chamado afterglow (brilho remanescente), que geralmente dura alguns dias ou várias semanas. Utilizamos tanto o Swift como outros telescópios terrestres. Neste caso, a explosão foi tão forte que foi possível observar seu brilho por vários meses. Ao analisar a luz do afterglow, pudemos estudar a sua composição através da medição espectral, o que pôde nos dizer sobre as propriedades da estrela original. O que nós descobrimos é que ela é uma estrela gigante, com uma massa entre 20 ou 30 vezes a massa do Sol, com período de rotação muito rápido. Apesar da sua grande massa, seu tamanho é de apenas 3 ou 4 vezes maior que o do Sol, por isso é extremamente compacta. Esses tipos de estrelas são chamadas de estrelas Wolf-Rayet ", explica Daniele Malesani.

Eles também foram capazes de determinar a localização da estrela em uma galáxia relativamente próxima de nós. Essa explosão de raios gama aconteceu quando o Universo tinha cerca de 9,9 bilhões de anos, e a luz levou cerca de 3,75 bilhões de anos para chegar até nós na Terra.



Fonte: University of Copenhagen
Imagens: NASA / University of Copenhagen
30/12/13

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