A observação do céu sempre fez parte de culturas antigas, e claro que com os índios brasileiros isso não poderia ser diferente.
E com a observação do céu noturno, surgem as constelações, que são agrupamentos de estrelas que podem formar desenhos e figuras para cada sociedade. As constelações indígenas, assim como a de outras culturas, auxiliavam no controle das estações do ano, época de colheita, variações sazonais, etc...
Livro "Histoire de la mission de Pères Capucins
en l'isle de Maragnan et terres circonvoisins.
Créditos: Claude d'Abbeville
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en l'isle de Maragnan et terres circonvoisins.
Créditos: Claude d'Abbeville
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Em 1612, o missionário capuchino francês Claude d'Abbeville passou quatro meses com os Tupinambás do Maranhão. Durante esse tempo, ele escreveu o livro intitulado "Histoire de la mission de Pères Capucins en l'isle de Maragnan et terres circonvoisins", que foi publicado em Paris no ano de 1614. Em seu livro, consta que o povo Tupi identificava cerca de 30 constelações, mas infelizmente o livro apresenta detalhes de apenas sete delas. Por isso, nós do Galeria do Meteorito decidimos nos aprofundar no assunto, e descobrimos que existem muitas outras constelações indígenas.
Um fato muito interessante é que as constelações dos índios Tupinambás são muito semelhantes aquelas dos índios Guaranis (do sul do Brasil), que eram separados por quase 3 mil km em linha reta, por línguas (Tupi e Guarani) e pelo tempo (cerca de 400 anos). Mas o fato ainda mais intrigante é que algumas constelações dos índios brasileiros eram as mesmas de outros índios da América do Sul, e até mesmo dos aborígenes australianos.
Os índios brasileiros davam maior importância para a região da Via Láctea, onde localizavam-se suas principais constelações, que eram constituídas de estrelas e até nebulosas, principalmente as escuras. O céu dos índios era tão escuro e livre de poluição que eles até criavam constelações utilizando apenas as nebulosas escuras, que são bem visíveis apenas em céus muito escuros.
Assim como ocorre com a Astronomia ocidental, a Astronomia indígena também é muito extensa (e até mais complexa), afinal, estamos falando de várias etnias e culturas diferentes, e por isso, não teria como resumir tudo em um único artigo, por isso, nós do Galeria do Meteorito decidimos fazer uma série, e aqui você encontrá o link para todos os novos episódios. Posteriormente, teremos um guia com todas as matérias publicadas, tudo em um só lugar!
Para fazer essa série, uma grande pesquisa está sendo feita, e aqui poderemos encontrar diversas constelações indígenas, mas claro, apenas algumas, afinal, eles tinham mais de 100 constelações que eram passadas de geração à geração, e apesar de não haver muitos registros sobre isso, as constelações indígenas ainda são usadas por muitos povos até hoje.
Quando indagados sobre quantas constelações existem no céu, os pajés dizem que tudo que existe na Terra também existe no céu, assim, cada animal tem seu correspondente no céu e pode ser visto como uma constelação.
Essa é uma tentativa de não apenas informar, mas também de resgatar parte da nossa cultura ancestral, que é pouco divulgada, e apesar de ser muito rica em detalhes, ficou praticamente esquecida.
Aguardem! Novos episódios a qualquer momento. Conforme forem publicados, poderão ser encontrados no índice abaixo:
Índice:
- Parte 2 - Como os índios conheciam os braços da nossa Galáxia? Confira isso e muito mais!
- Parte 3 - Conheça a famosa constelação do Homem Velho e seus segredos
- Parte 4 - Saiba como encontrar as constelações da Anta, do Veado e da Canoa
- Parte 5 - Você já ouviu falar nas constelações das Cobras? E da Onça?
- Parte 6 - Conheça as duas constelações da Cruz, e a constelação da Ema
- Parte 7 - Veja como encontrar as constelações da Siriema, do Beija-Flor e do Jabuti
- Parte 8 - Os índios tinham 'Ano Novo'? Eles tinham um calendário? Descubra!
- Parte 9 - É constelação que não acaba mais. Confira essa lista!
- Parte 10 - O Sol e seus mitos
- Parte 11 - A Lua Zahy e sua grande importância
- Parte 12 - Planetas: os astros vistos pelos índios
- Parte 13 - Pinturas rupestres e a visão indígena sobre o cosmos
***aguardem novos episódios***
Fonte: Germano Bruno Afonso / Observatórios Virtuais / Vitae / Melissa Oliveira (antropóloga) / Aikewara.blogspot / ISSUU / Planetário UFSC (etnoastronomia) / pib.socioambiental.org
06/02/15
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Uau! Se vocês conseguirem fazer uma reportagem sobre a Astroantropologia, em especial, a Astronomia Indígena Brasileira, seria simplesmente magnífico! Se ficar grande demais, façam em PDF e disponibilizem para download por favor. O Brasil é um país que mal conhece a cultura dos seus antepassados indígenas e este tipo de conteúdo deveria ser OBRIGATÓRIO. O Ministerio da Educação deveria incluí-lo nas escolas. Um conteúdo de valor histórico incalculável e espiritualmente erudito! E saber que a europeização praticamente matou esta belíssima riqueza! Temos que nos tocar de que a história brasileira que aprendemos nas distorcidas escolas de hoje é a de um país europeu! Cadê a LEGÍTIMA história do Brasil? Sumiu. Importamos de tudo, oras! Importamos até uma faixa verde-amarela nos ombros de uma tal Bulgária!!!! Ewwww.
ResponderExcluirObrigado Fora do Ar, que bom que você gostou! A segunda parte dessa série já está disponível. Abraços!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAí esta um bom uso para a Deep Web
ResponderExcluirOlá, muito boa a pesquisa, principalmente quando vocês especificam as etnias, pois o texto ainda tem muitas GENERALIZAÇÕES que vocês deveriam evitar. Já ouvi um índio Karajá-Iny dizendo: "Eu não sou 'índio'; eu sou Karajá Iny...!" Para dar um exemplo, não se pode dizer “Nascer Helíaco das Plêiades: o Ano Novo dos Índios”. Isso não existe. Não há esse “índio” genérico. O que se deve dizer é: “Nascer Helíaco das Plêiades: o Ano Novo dos índios Tupinambá” (por exemplo), pois pode ser que o nascer helíaco das Plêiades não signifique absolutamente nada para uma outra etnia indígena, como os Xavante, os Kayapó ou os Tukano. Recentemente estive com os Karajá-Iny (do Tocantins, Ilha do Bananal) e eles ainda reconhecem várias constelações (a Via Láctea, por exemplo, eles chamam de "O caminho do pajé"), e cada uma delas tem uma história e um significado na mitologia daquele povo, mas como minha pesquisa não era sobre isso, não aprofundei o assunto. Estarei muito em breve com os Karajá-Iny e com os Paresi-Haliti (do Mato Grosso). Caso precisem de alguma informação, me avisem. Abraços e boa sorte com a pesquisa.
ResponderExcluirSugestão de leitura: Hugh-Jones, S. 1988. The Palm and the Pleiades: Initiation and cosmology in Northwest Amazonia. Cambridge: Cambridge University Press.
ExcluirEu quero fazer uma observação sobre a seguinte frase: "nossa cultura ancestral, que é pouco divulgada, e apesar de ser muito rica em detalhes, ficou praticamente esquecida"; vejam bem, o fato da sociedade brasileira não reconhecer a "cultura ancestral" não se deve a um problema de amnésia, ninguém esqueceu nada senão existe um Estado com um modelo de educação que reforça em pleno século XXI a submissão do conhecimento dos POVOS INDÍGENAS no Brasil a uma determinada visão de mundo, excluindo-os totalmente do curriculum nas escolas. Além disso, não tem o menor sentido dizer "índios brasileiros" quando existem 305 povos indígenas no país que falam 274 línguas.
ResponderExcluirMuito bom artigo. Gostaria de contribuir informando que no município de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, no Parque da Ciência Newton Freire Maia, um professor da Universidade Federal do Paraná, agregou ao planetário, uma bela apresentação das constelações indígenas, acompanhado de explicações!! Vale muito a pena!
ResponderExcluirMuito bom artigo. Gostaria de contribuir informando que no município de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, no Parque da Ciência Newton Freire Maia, um professor da Universidade Federal do Paraná, agregou ao planetário, uma bela apresentação das constelações indígenas, acompanhado de explicações!! Vale muito a pena!
ResponderExcluirArtigo muito bom!
ResponderExcluirSó faltaram as referências de quem escreveu.
Se me permititem farei uma transposiçao didática dos conteudos para aulas de 6 ano até 9 ano em Ensino Religioso. Tenho certrza que essas informaçoes vao me ajudar a produzir uma aula que resgate a valorizaçao de raízes indígenas no Pará.
ResponderExcluirOlá Suellen!
ExcluirCom certeza! Será um prazer poder contribuir para a disseminação da cultura indígena, sobretudo com relação a Astronomia.
Um grande abraço e boa sorte!
Se me permititem farei uma transposiçao didática dos conteudos para aulas de 6 ano até 9 ano em Ensino Religioso. Tenho certrza que essas informaçoes vao me ajudar a produzir uma aula que resgate a valorizaçao de raízes indígenas no Pará.
ResponderExcluirDe que fonte retiraram essas informações? Só por curiosidade
ResponderExcluirSim!! A editora Itatiaia de BH tem um livro maravilhoso que aborda o assunto ...
ResponderExcluirNele tem um trecho interessante que narra o momento em que os cometas passavam ou meteoros caiam, a tribo dos Guaranis no Sul do país passavam a noite de pé segurando a abóboda celeste no sentido de segurar o céu para que ele ñ caisse . Muito lindo o Livro . Ñ me recordo o nome do livro ; acho que e povos do Brasil ,editora Itatiaia...Trás muito interessante esse assunto...
E bom fazer uma pesquisa nos livros dos Jesuítas no Brasil e cartas de Navegantes...Tem um conteúdo bom p/ ser resgatado...
ResponderExcluirPessoal queria saber "PRA QUE ELES USAM ESSA CONSTELAÇÃO"mais embora n tenha o fato que eu queria eu gostei do argumento
ResponderExcluirPorra dndndn
ResponderExcluirOo merda de celular1000000000000
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