Quando observamos Marte e sua superfície desértica, é difícil acreditar que um dia isso pode ter sido diferente...
Mas um recente estudo feito pela NASA, utilizando os mais poderosos telescópios infravermelhos, indica claramente que o Planeta Vermelho teve um gigantesco oceano, maior até do que o Oceano Ártico da Terra. Apesar de ter tido toda sua água presa em um ponto do hemisfério norte, com cerca de 1.6 km de profundidade, se fosse espalhado pelo globo marciano, cobriria toda sua superfície com uma profundidade de aproximadamente 137 metros. Era muita, muita água!
Mas apesar de ter perdido um oceano, Marte acaba de ganhar algo muito importante...
O potencial de vida em Marte nunca foi tão grande
Agora vem a parte ainda mais interessante sobre essa grande revelação: antes de toda a água se perder no espaço (literalmente), ondas cobriam grande parte do que agora é um deserto, e isso durou mais de 1,5 bilhão de anos, tempo mais que necessário para a vida se desenvolver na Terra, por exemplo. Ou seja, pelo menos com relação ao que conhecemos, a vida teve muito mais tempo do que o suficiente para se desenvolver em Marte.
Concepção artística mostra como Marte pode ter sido no passado, há cerca de 4 bilhões de anos.
Créditos: ESO / M. Kornmesser / N. Risinger / Skysurvey / Clique na imagem para ampliar
Créditos: ESO / M. Kornmesser / N. Risinger / Skysurvey / Clique na imagem para ampliar
A pesquisa utilizou os três telescópios no infravermelho mais poderosos da Terra: Observatório WM Keck (Havaí), Very Large Telescope do ESO (Chile) e o Telescópio Infravermelho da NASA. Cientistas estudaram as moléculas de água na atmosfera marciana, e os mapas criados mostraram a distribuição e a quantidade de dois tipos de água: a versão normal H2O que conhecemos, e a HDO, ou água pesada, raríssima na Terra, mas não tão rara em Marte.
Na água pesada, um dos átomos de hidrogênio forma um isótopo chamado deutério, e por ser muito mais massivo do que o hidrogênio regular, a água se torna realmente mais pesada do que o normal. Os mapas mostraram que a relação entre água e água pesada variou em todo o Planeta Vermelho de acordo com a localização e época. Os dados mostraram ainda que as calotas polares de Marte são altamente enriquecidas em deutério.
Acredita-se que com o decaimento do campo magnético global de Marte,
os ventos solares levaram embora a atmosfera do planeta, permitindo
a radiação UV do Sol quebrar as moléculas de água, e com isso, o hidrogênio
foi pro espaço (literalmente) por causa da baixa gravidade do planeta.
Créditos: NASA / GSFC
os ventos solares levaram embora a atmosfera do planeta, permitindo
a radiação UV do Sol quebrar as moléculas de água, e com isso, o hidrogênio
foi pro espaço (literalmente) por causa da baixa gravidade do planeta.
Créditos: NASA / GSFC
Na Terra, a proporção de deutério e hidrogênio normal na água é de 1 para 3.200, mas nas calotas polares de Marte esse valor é de 1 para 400. Como o hidrogênio é mais leve, ele se perde mais facilmente no espaço, e por isso a água marciana é tão pesada. Com isso os cientistas puderam calcular a quantidade de água que existiu em Marte no passado, e era muita água!
Apenas 13% de toda água original permaneceu no planeta, enquanto que 87% do oceano foi perdido no espaço. O local mais provável para os oceanos teria sido as planícies do hemisfério norte, uma grande região de baixo relevo. Marte teria sido um planeta muito parecido com a Terra, com uma atmosfera mais espessa, e a pressão diferente e um clima mais quente e agradável para sustentar seu oceano.
Outro fato interessante é que, segundo os resultados do estudo, Marte teve água por muito mais tempo do que o esperado. Medições do Curiosity apontam que a água fluiu no Planeta Vermelho por pelo menos 1,5 bilhão de anos após sua formação, porém, o novo estudo mostra que a água esteve por lá por muito mais tempo. Tendo em conta que a primeira evidência de vida na Terra remonta a 3,5 bilhões de anos (apenas 1 bilhão após a formação do planeta), Marte teve tempo suficiente para a evolução de sua própria vida, a tão especulada "vida marciana".
Fonte: Universe Today / NASA / ESO
Imagens: (capa-ilustração / ESO) / M. Kornmesser / N. Risinger / Skysurvey / NASA / GSFC
10/03/15
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBem legal. Eu li uma matéria parecida no Inovação Tecnológica. Pena nem todo mundo se interessar :/
ResponderExcluirE Hoje tem água mesmo que internamente no planeta?
ResponderExcluirsim tem
Excluiré. .. a verdade está lá fora! !
ResponderExcluirpena que temos que esperar tanto para admitirem coisas óbvias. .. provavelmente a certeza de evidências de vida inclusive inteligente em Marte já existe. .. mas outros interesses nos farão esperar mais algumas décadas!
Até lá cuidemos da vida por aqui. .. :/
Aquele moleque russo estava certo o tempo todo. Ele viveu em Marte rsrs
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