Uma bola parecida com um espelho de discoteca está no espaço observando a Terra há décadas! E segundo a NASA, continuará por milhões de anos! Mas o que seria essa estranha bola? Um OVNI? Uma sonda extraterrestre espionando nosso planeta? Bem, a resposta é um pouco mais simples.
Trata-se de um satélite da NASA, apelidado LAGEOS (Satélite de Geodinâmica a Laser), lançado no dia 4 de maio de 1976 a partir da base da Força Aérea Vandenberg, nos EUA.
O satélite LAGEOS transformou completamente a maneira como os cientistas exploram e reúnem dados sobre a Terra. Sua tecnologia é relativamente simples, e ele não possui sensores a bordo, peças eletrônicas ou móveis. Seu funcionamento é surpreendentemente arcaico, mas por incrível que pareça, funciona muito bem! Ele é justamente isso que vemos: um núcleo de bronze rodeado por uma casca de alumínio coberta com 426 retrorefletores.
Modelo do satélite LAGEOS, lançado em 1976.
Créditos: NASA Goddard Space Flight Center
Esses retrorefletores refletem a luz com uma dispersão mínima, o que fez da LAGEOS a primeira sonda da NASA a usar essa técnica. Através do envio de feixes de luz para a LAGEOS, podemos medimos o tempo que leva para que ela seja refletida de volta pra Terra, e assim, os cientistas conseguem realizar cálculos e medidas a nível milimétrico, com uma precisão impressionante.
"Na época, as pessoas não acreditavam que poderíamos enviar feixes de luz à um satélite em órbita naquela altitude com tanta exatidão", disse Erricos Pavlis, pesquisador da Universidade de Maryland.
Conhecendo nosso próprio planeta
Antes do satélite LAGEOS, outros instrumentos parecidos eram utilizados para medir distâncias utilizando feixes de luz, mas a precisão não era tão grande assim, pois poderia variar alguns metros. Já com o LAGEOS, foi possível ter uma variação de apenas alguns milímetros, ou cerca de meia polegada.
Nas últimas décadas, a NASA tem usado o LAGEOS para medir o movimento das placas tectônicas da Terra, detectar irregularidades na rotação do planeta, pesar a Terra e monitorar pequenas mudanças em seu centro de massa através de alterações na órbita do satélite e da distância da Terra.
Na época do lançamento da LAGEOS, a teoria das placas tectônicas já existia, apoiada por evidências de alterações no fundo do mar e mudanças nos padrões magnéticos na crosta, mas os cientistas ainda se perguntavam sobre como seria o movimento das placas tectônicas, e se de fato elas existiam...
"O que estava faltando era uma maneira de medir a velocidade e a direção do movimento das placas ao longo do tempo", disse Frank Lemoine, cientista geofísico da NASA Goddard Space Flight Center.
Confira o vídeo institucional feito pela NASA em 1975, quando o satélite LAGEOS estava prestes a ser lançado:
O satélite LAGEOS tem 60 centímetros de diâmetro e pesa 408 kg. Ele foi capaz de detectar pequenas mudanças na rotação da Terra, que são causadas por movimentos da massa na atmosfera e nos oceanos. Utilizando a LAGEOS os cientistas também descobriram mudanças no eixo de rotação da Terra, bem como alterações na órbita do satélite, oque ajudou no desenvolvimento de um modelo mais preciso da gravidade do nosso planeta.
"Hoje vemos a Terra como um sistema, conhecemos sua forma, rotação, atmosfera, campo gravitacional e os movimentos dos continentes. Agora sabemos tudo isso, e foi a LAGEOS que nos ajudou a chegar nesse ponto de vista", disse David E. Smith, o antigo cientista do projeto LAGEOS, atualmente integrante do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
A missão LAGEOS foi um sucesso, e em 1992 foi lançado um satélite gêmeo, o LAGEOS-2, o que expandiu ainda mais o conhecimento sobre o nosso planeta, além de confirmar algumas previsões ligadas a teoria da relatividade geral, de Einstein: pequenas perturbações na órbita de satélites ao redor da Terra são compensadas com um efeito de arrasto de estrutura (efeito Lense-Thirring). Os satélites LAGEOS provaram o efeito Yarkovsky, que diz que um objeto que é aquecido pela luz solar de um lado, irá mais tarde emitir calor e sofrer uma pequena força de desaceleração. Ambos efeitos de arrasto, assim como outros, são responsáveis por diminuir a órbita dos satélites LAGEOS por cerca de um milímetro a cada dia.
Futuramente os satélites LAGEOS irão cair de volta na Terra, mas os cientistas acreditam que isso não deve acontecer em menos de 8,4 milhões de anos. Os bizarros globos espelhados terão muito tempo para observar o nosso desenvolvimento, e podem até mesmo durar mais do que a nossa própria civilização...
Imagens: (capa-NASA) / NASA Goddard Space Flight Center
20/07/16
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Vejam como é feito a medição de movimentos tectônicos na crosta Terrestra
ResponderExcluirFantástica informação. Fui atingido por um "Meteorito"!
ResponderExcluirnão tinha conhecimento sobre o LAGEOS. bela materia! valeu gdm!
ResponderExcluirRealmente, por isso consideramos importante essa matéria, pois trata-se de um assunto primordial, porém pouco difundido. Um grande abraço Diego!
ExcluirSENSACIONALISMO PURO, O TITULO FALA EM ORBITANDO A TERRA EM MILHOES DE ANOS APENAS PARA CHAMAR A ATENÇÃO DO LEITOR, JÁ O TEXTO FALA EM DÉCADAS, BAH TO FORA.
ResponderExcluirO Título fala "continuará" orbitando por milhões de anos e não que "está" obrigado por milhões de anos. Tanto que este satélite ou o Lageos 2 contém uma placa com um desenho dos continentes na atualidade e outro desenho com a posição dos continentes daqui a milhões de anos. Isso se tiver alguém aqui quando este satélite reentrar na atmosfera.
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