Tempestade gigantesca que surgiu em Netuno deixa astrônomos de boca aberta

tempestade gigantesca surgiu em Netuno - 2017
Uma tempestade equatorial em Netuno pegou os astrônomos de surpresa!


Uma gigantesca tempestade no gigante planeta de gelo está chamando a atenção de muita gente, isso porque ela é diferente de todas as outras já observadas.

Utilizando o Observatório Keck, Imke de Pater e o estudante de pós-graduação Ned Molter (ambos na Universidade da Califórnia, Berkeley) descobriram uma brilhante e complexa tempestade que abrange pelo menos 30° de latitude e longitude, localizada próxima do equador do planeta. A tempestade foi observada pela primeira vez no dia 26 de junho de 2017.



Logo de cara, os astrônomos acreditaram que a tempestade era o conhecido complexo chamado Northern Cloud, visto pela primeira vez pelo Telescópio Espacial Hubble em 1994. Mas as medidas de localização dessa tempestade mostraram que trata-se de algo completamente diferente.

Tempestade de Netuno registrada em diferentes níveis de onda
Tempestade de Netuno registrada em diferentes níveis de onda.
Créditos: N. Molter / I. De Pater / Univ. of California Berkeley / C. Alvarez / W. Keck Observatory

Acredita-se que o responsável pelas grandes tempestades brancas de Netuno é um sistema de vórtices/tornados de alta pressão, localizado dentro da atmosfera do planeta. À medida que os gases de metano se elevam no vórtice, eles esfriam abaixo da temperatura de condensação, formando nuvens iguais aquelas criadas pelo vapor de água aqui na Terra.

Outra coisa que chamou a atenção dos astrônomos foi a localização dessa grande tempestade. "Historicamente, nuvens brilhantes foram ocasionalmente vistas em Netuno, mas geralmente em latitudes mais próximas dos pólos, a cerca de 10 a 60 graus norte ou sul", diz Pater. "Nunca antes uma nuvem ou qualquer outra coisa tão brilhante foi vista perto do equador."




Antes mesmo do Observatório Keck detectar essa gigante tempestade, alguns astrônomos amadores já haviam observado o estranho fenômeno, apenas alguns dias antes. Utilizando um telescópio de 254 mm de abertura (ou maior), já era possível encontrar o brilho na região equatorial do planeta.

O astrônomo amador Darryl Pfitzner Milika conseguiu capturar a tempestade que aparece como um pequeno círculo brilhante um pouco fora da região central do planeta.

Tempestade em Netuno registrada no dia 10 de junho por Darryl Pfitzner Milika
Tempestade em Netuno registrada no dia 10 de junho.
Créditos: Darryl Pfitzner Milika

Para criar a imagem, foi utilizado um telescópio de 290 mm de abertura, uma câmera de alta velocidade e um software de empilhamento de imagens.


Conhecendo os mistérios de Netuno

Netuno é o planeta com os ventos mais intensos de todo o Sistema Solar. Nas regiões equatoriais, os ventos chegam a velocidades de até 450 metros por segundo (o equivalente a mais de 1.600 km/h).




Como as velocidades do vento variam de acordo com a latitude, uma tempestade como essa deve cessar rapidamente. Algo como um vórtice subjacente é o que deve estar mantendo essa tempestade ativa, mas um fenômeno desse na região equatorial é difícil de conciliar com a nossa compreensão atual do planeta.

Tempestade em Netuno - junho e julho de 2017
Tempestade gigantesca que surgiu Netuno, registrada em junho de 2017.
Créditos: W. Keck Observatory

Por conta de sua extensão, é possível que essa "tempestade" seja na verdade uma enorme nuvem de convecção, assim como aquelas observadas na Terra. "Isso mostra que há mudanças extremamente drásticas nas dinâmicas da atmosfera de Netuno, e talvez este seja um evento climático sazonal que possa acontecer a cada década, ou algo parecido", diz Pater.




Ainda conhecemos Netuno de forma bastante incompleta. Netuno orbita o Sol a cada 160 anos, sendo que cada estação dura 40 anos. Nós começamos a observar Netuno a menos de 30 anos, ou seja, não vimos sequer uma estação completa. Ainda há muito mais a ser descoberto.


Imagens: (capa-W. Keck Observatory) / N. Molter / I. De Pater / Univ. of California Berkeley / C. Alvarez / W. Keck Observatory / Darryl Pfitzner Milika / W. Keck Observatory
24/08/17


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Um comentário:

  1. É uma macissa concentração de cristais de gelo formados por hidrosulfeto de amônia hidrato de metano e hidrogênio atingindo o seu ponto de ebulição mais elevado da atmosfeta Netuniana.

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