O astrônomo Radwan Tajeddine e seus colegas decidiram observar a pequena lua de Saturno, Mimas, mas eles não esperavam encontrar nada extraordinário. Com sua superfície repleta de crateras, Mimas foi considerada como uma lua geologicamente morta, ou seja, não haviam motivos suficientes para que os cientistas se interessassem em observá-la.
Mas as aparências enganam. Usando dados da sonda Cassini da NASA, uma nova pesquisa mostra que algo estranho dentro Mimas está causando um balanço enquanto ela orbita o planeta Saturno.
Os modelos de computador apontam duas possibilidades. A primeira é que Mimas, que tem cerca de 250 quilômetros de diâmetro, tem um núcleo alongado, uma pista de que a lua pode ter se formado dentro dos anéis de gelo de Saturno. A segunda opção é que Mimas tem um oceano global localizado a 19 quilômetros abaixo de sua crosta gelada.
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Ambas as opções são surpreendentes, no entanto, indícios de uma forma alongada de seu núcleo também deveria ser vista em sua superfície, o que não acontece. Da mesma forma, a superfície da lua não mostra sinais de aquecimento para o derretimento do gelo e a manutenção de um oceano líquido.
Uma teoria é que a órbita excêntrica de Mimas poderia criar um puxão gravitacional entre ela e Saturno, principalmente quando ela está mais próxima do planeta.
Por outro lado, os cientistas perceberam que não era necessária uma grande quantidade de calor para que a água líquida existisse em seu subsolo. Uma resposta bem elucidativa para essa questão propõe que, logo após a formação de Mimas, o calor liberado pela decomposição natural dos materiais radioativos poderia ter iniciado o derretimento do gelo. Mais tarde, as reações químicas entre rochas de silicato e água poderiam ter ajudado ainda mais a formação do oceano.
"Juntas, todas essas fontes de energia podem fornecer calor suficiente para produzir uma fina camada de água líquida subsuperficial global. Uma vez que o oceano já está formado, o calor produzido pelo aquecimento de maré será significativamente maior, e provavelmente será capaz de sustentar um oceano global", comentou o cientista planetário Attilio Rivoldini, do Observatório Real da Bélgica.
O acompanhamento das temperaturas da superfície de Mimas poderia mostrar se existe calor suficiente na lua. Se Mimas possui de fato um oceano em seu subsolo, ela participará de uma lista crescente de corpos do Sistema Solar que podem ser "amigáveis" para a vida como a conhecemos.
A pesquisa foi publicada recentemente na revista Science.
Fonte: Dnews / Science
Imagens: (capa - ilustração - Richard Cardial)
20/10/14
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