Cometa da missão Rosetta é mais estranho do que se pensava, e desafia teoria da origem da água da Terra

cometa flutuaria no mar
Pra começar, ele é tão pouco denso que flutuaria no mar


Os primeiros resultados da missão Rosetta que mostram informações inéditas de um cometa foi divulgado, e nos mostra que esses corpos gelados remanescentes do Sistema Solar são muito mais complexos do que do que os cientistas pensavam.

Os primeiros documentos revelam detalhes do cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko, que está se aproximando do Sol acompanhado pela sonda Rosetta, que após uma viagem de 10 anos, encontrou com essa grande rocha gelada e está monitorando ela de perto, numa missão única, jamais feita antes.

Até agora, a descoberta mais surpreendente é que a análise da água do cometa mostra que ela é quimicamente diferente de água nos oceanos da Terra, desafiando uma teoria de longa data que dizia que os cometas haviam trazido a água para o nosso planeta, assim como para outros planetas do Sistema Solar.




Os novos estudos mostram também uma grande variação nos gases que estão sendo liberados pelo cometa, o que é muito importante para entender os processos pelos quais o cometa passou desde sua formação, há cerca de 4,6 bilhões de anos, e que ainda deverá passar ao longo de sua vida.

Os cientistas acreditam que os cometas são corpos primordiais, e o objetivo principal da missão européia Rosetta, é aprender mais sobre o nascimento do nosso Sistema Solar. Por isso, a sonda está estudando o cometa bem de perto.

cometa 67P descobertas
Cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko. Créditos: ESA / Rosetta

Os resultados dos primeiros dois meses de missão indicam ainda que a massa do cometa é de cerca de 100 milhões de vezes a massa da Estação Espacial Internacional. Se você está achando essa afirmação um tanto estranha, saiba que é a mais pura verdade. A densidade do cometa 67P / C-G é semelhante a densidade da cortiça, material utilizado para fabricação de rolhas, o que faria ele boiar se fosse colocado sobre o oceano da Terra.




Sua baixa massa faz com que sua gravidade seja fraca. Os cientistas descobriram um cânion no cometa, que tem cerca de 900 metros de altura, contudo, por conta de sua massa, por mais amedrontadora que essa altura seja, um astronauta conseguiria saltar e cair 900 metros no interior do cânion, e ainda assim, faria um pouso suave no fundo dele. O físico Rhett Allain calculou que se houvesse uma nave tripulçada sobrevoando o cometa, um dos astronautas poderia sair da espaçonave e cair em direção ao cometa, e mesmo assim faria um pouso suave em sua superfície (sem se machucar). Além disso, um pulo mais forte poderia fazer com que ele alcançasse a nave novamente.

Isso significa que o núcleo do cometa tem uma estrutura interna mais macia e porosa do que aquela prevista pelos modelos de computador.

Além disso, descobriram que o corpo do cometa é coberto com materiais orgânicos, mas não há muito gelo exposto em sua superfície. Os cientistas esperam encontrar moléculas de carbono complexas, tais como álcoois e ácidos carboxílicos. Até agora, no entanto, a superfície parece ser dominada por hidrocarbonetos mais simples, uma descoberta que pode ter implicações para a compreensão de como as moléculas à base de carbono se formam e se espalham através do Sistema Solar.

pousador Philae
Ilustração artística do pousador Philae. Créditos: ESA / Rosetta

Outra característica curiosa e intrigante sobre o cometa 67P é o seu formato, que sugere a possibilidade de que na verdade, seriam dois corpos que foram unidos, formando o cometa que conhecemos hoje, Infelizmente, até o momento, os cientistas não conseguiram determinar se o cometa foi ou não feito a partir de dois corpos distintos. Os pesquisadores da missão buscam evidências que apontem uma diferença na densidade e na composição dos dois lóbulos, a fim de identificar se são dois corpos distintos ou não. Até agora, eles estão se mostrando bem parecidos, mas ainda é cedo para tomar uma posição sobre isso.




A coma em torno do cometa, que é feita a partir de gases de gelo que evaporam (sublimação), é muito variável, e a maior parte desse gás vem do "pescoço" do cometa, exatamente entre seus dois lóbulos.

A medida que o cometa 67P/ C-G se aproxima do Sol, sua sublimação aumenta, fazendo com que os gases e o gelo sejam mais fáceis de serem estudados, Ele fará sua máxima aproximação com o Sol (periélio) no dia 13 de agosto de 2015, quando ficará a 1,2 UA do Sol (uma Unidade Astronômica equivale a distância média entre a Terra e o Sol), e os controladores da missão Rosetta não vêem a hora de chegar esse grande momento, pois muitas mudanças podem ocorrer, e a sonda estará lá para registrá-las.

Os resultados dos estudos do pousador Philae, que se encontra na superfície do cometa ainda não foram divulgados.



Fonte: DSpace / Revista Science
Imagens: (capa-ilustração -Galeria do Meteorito) / ESA / Rosetta Mission
28/01/15

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Um comentário:

  1. Ótima reportagem, parabéns!!! Talvez, nestas estrelas pequenas tipo 80% a 10% da massa solar, incluindo anãs marrons (8%), ao não conseguir-se detectar exoplanetas em torno delas, TALVEZ existam imensos cinturões de cometas em torno das já referidas. A baixíssima densidade do material deste tipo de cometa faz com que esta detecção escape aos instrumentos terrestres a dezenas ou centenas de anos-luz. E os materiais orgânicos inertes fariam o trabalho deles: Baixa densidade, solubilidade em água, bombardeios em pequenos planetas e.... VIDA! Pois é.... a NATUREZA possui sabedoria infinita!

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