Especial constelações indígenas (parte 8)

o céu dos indios do Brasil
Viaje pela esquecida astronomia indígena em nossa série especial!

A observação do céu sempre fez parte de culturas antigas, e claro que com os índios brasileiros isso não poderia ser diferente.

Assim como ocorre com a Astronomia ocidental, a Astronomia indígena também é muito extensa (e até mais complexa), afinal, estamos falando de várias etnias e culturas diferentes, e por isso, não teria como resumir tudo em um único artigo, por isso, nós do Galeria do Meteorito decidimos fazer uma série. Clique aqui para encontrar o índice e o link dos novos episódios.

Nesse oitavo episódio vamos conhecer o método utilizado pelos índios para a contagem do ano:

As Plêiades - Calendário dos índios brasileiros

Na cultura indígena, o ano se inicia quando nasce ao leste, antes do Sol, o famoso aglomerado de estrelas que conhecemos como Plêiades. Ou seja, para a maioria dos povos indígenas, o ano começa em meados de junho (aproximadamente no dia 10), com o nascer helíaco das Plêiades.

Ano Novo dos ìndios
Imagem mostra o nascer helíaco das Plêiades, quando elas apontam no horizonte leste um pouco antes do Sol.
Créditos: Galeria do Meteorito / STELLARIUM

Mas claro que esse famoso aglomerado de estrelas é conhecido por outros nomes entre os índios brasileiros, e cada etnia fazia uma alusão diferente a esse objeto cósmico. E é exatamente isso que vamos conhecer agora:


Povo: Tembé-Tenetehara
Zahy Tata Pi'i Pi'i - As Estrelas Reunidas 
Na astronomia ocidental, essa região do céu é conhecida como as Plêiades, e localiza-se na constelação de Touro. É considerada um berçário de estrelas. A olho nu, podemos enxergar setes dessas estrelas. Zahy Tata Pi'i Pi'i significa estrelas reunidas, e segundo a cultura Tembé-Tenetehara, elas carregam uma maldição, e aquele que conseguir contar as sete estrelas morrerá no mesmo dia. No mês de novembro, quando elas surgem ao leste (durante a noite), os índios se preparavam para a estação das chuvas, que chegava alguns dias depois. Em meados de junho, quando ela desaparecia à oeste, significava o início da estação de seca.


Povo: Bororo
Akíri-dóge - Penugem Branca
Para os índios Bororos, que habitam no estado do Mato Grosso do Sul, o agrupamento de estrelas que conhecemos como Plêiades, é chamado de Akíri-dóge, que significa Penugem Branca, já que o aglomerado quando visto de soslaio se parece mesmo com uma névoa, mancha ou penugem branca. Akíri no idioma bororo significa penugem branca de qualquer ave. Alguns relatos dizem ainda que seu significado seja Angico Branco, uma árvore que durante a floração parece vestida de penugem branca. No fim de junho, ela também avisa o início da estação seca.

Os bororos realizavam uma festa chamada de Akíri-dóge E-wúre Kowúdu (Akíri-dóge = Penugem Branca; E = delas; wúre = pé; Kowúdu = queima), que significa "Queima dos pés da Penugem Branca". Essa festa consistia em uma fogueira onde os índios cantavam, dançavam e passavam sobre o fogo, quase queimando seus pés, na intenção de pedir que a estação seca, (representada pelas Plêiades) fosse prolongada, favorecendo a vida nômade e suas tarefas.


Povo: Tucano
Ñohkoatero - Conjunto de estrelas
Para os povos Tucano, que habitam na Amazônia, o famoso aglomerado estelar das Plêiades também é muito importante para a contagem do ano indígena, e é chamado de Ñohkoatero (Conjunto de estrelas).


Povo: Tupinambá
Seichu
Assim como acontecia com as outras etnias, o nascimento do famoso aglomerado chamado de Seichu para os tupinambás simbolizava o início do ano e da estação seca.


Povo: Guarani
Eixu - Vespeiro
Já que estamos falando apenas da visão que vários povos indígenas tinham das Plêiades, vamos falar sobre Eixu, apesar de já ter sido citada em um episódio anterior. Eixu significa "ninho de abelhas" ou "vespeiro" em guarani, e assim como nas outras etnias, ela também marca o início do ano quando surge pela primeira vez no lado leste, antes do nascer do Sol (nascer helíaco das Plêiades).




Gostou? Confira nossa lista de episódios, afinal seria impossível resumir toda a astronomia indígena em apenas uma matéria... Boa leitura!

Fonte: Cuabamorandu / Germano Bruno Afonso / Observatórios Virtuais / Vitae / Melissa Oliveira (antropóloga) / Aikewara.blogspot / ISSUU / Planetário  UFSC (etnoastronomia) / pib.socioambiental.org / Osvaldo dos Santos Barro / Universidade Federal do Pará / Aldeia Teko Haw
27/03/15

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