A explosão de uma estrela recém nascida como você nunca viu

explosão de uma estrela recém nascida
Através do infravermelho, os telescópios conseguem capturar momentos incríveis no espaço profundo


Dois grandes jatos com simetria quase perfeita estão sendo lançados pelo objeto chamado Herbig-Haro (HH) 212. A imagem foi feita pelo instrumento (já desativado) do ESO, o Infrared Spectrometer And Array Camera (ISAAC).

Herbig-Haro 212 é um objeto que se encontra na constelação de Orion, a 1.400 anos-luz, numa densa região molecular de formação estelar, ou seja, um grande berçário de estrelas, não muito longe da famosa Nebulosa da Cabeça de Cavalo. Em regiões como esta, as nuvens de gás e poeira colapsam sob a ação da gravidade, girando cada vez mais depressa e tornando-se cada vez mais quente até que uma estrela jovem se acende no coração dessa nuvem. O restante do material em rotação em torno da protoestrela recém nascida se junta dando origem a um disco de acreção que, sob as condições certas, evolui para formar os planetas, asteroides, cometas, e  qualquer outro objeto desse novo sistema.

Herbig-Haro 212 - explosão de estrela recém nascida
Imagem liberada em 12 de outubro de 2015.
Créditos: ESO / ISAAC         Clique na imagem para ampliar

A imagem dessa explosão foi divulgada pelo ESO (Observatório Europeu do Sul) no dia 12 de outubro de 2015. Embora os astrônomos não compreendem completamente este processo, é comum a protoestrela e seu disco de acreção serem a causa de grande jatos cósmicos, como mostra na imagem.

A estrela no centro de  HH 212 é na realidade muito jovem, com apenas alguns milhares de anos. Podemos perceber uma simetria muito interessante nos jatos emitidos por ela, com vários nodos que aparecem em intervalos bastante estáveis.

Segundo especialistas do ESO (Observatório Europeu do Sul), essa estabilidade sugere que a pulsação do jato varia de forma regular, em uma escala de tempo curta (talvez até tão curta como 30 anos!).





Um pouco distante do centro, enormes arcos de choque se espalham pelo espaço interestelar. Esses arcos são o resultado do gás ejetado ao colidir com o gás e a poeira do meio interestelar, a velocidades altíssimas, de cetenas de km por segundo.

O responsável por essas belíssima imagem foi o instrumento ISAAC, o primeiro multi-funções desenvolvido pelo ESO para trabalhar junto com o VLT (Very Large Telescope ou Telescópio Muito Grande em português). Como a luz visível não consegue penetrar as densas camadas de poeira espalhadas pelo Universo, ISAAC fez parte de uma nova era de instrumentos com sua visão infravermelha, o que permitiu os astrônomos observar o Universo além dessas nuvens de poeira, em regiões que antes eram completamente desconhecidas.

Nebulosa de Orion no infravermelho
Nebulosa de Orion vista através do infravermelho. Podemos ver um enxame de aproximadamente 1.000 estrelas
com cerca de 1 milhão de anos de idade. Essa imagem mostra o início do trabalho do instrumento ISAAC.
Créditos: ESO / ISAAC

Esse instrumento incrível operou desde 1° novembro de 1998, e finalmente, em 12 de dezembro de 2013, ele fez seu último trabalho ao fotografar a Nebulosa de Orion (M42). Após 15 anos de muitas descobertas, ISAAC deixou seu posto para dar lugar ao SPHERE, um instrumento de alto contraste para detecção de planetas extrassolares.






Fonte: ESO / M. McCaughrean
Imagens: (capa-ISAAC) / ESO / ISAAC
13/10/15

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