A Grande Mancha Vermelha de Júpiter é o maior e melhor exemplo de uma tempestade de longa vida no Sistema Solar, mas agora essa tempestade tem uma forte concorrente em outro sistema. E o mais intrigante: essa grande tempestade alienígena não foi vista em um gigante gasoso, mas sim nas camadas superiores de uma pequena "estrela falha".
As anãs marrons do tipo L são um subconjunto especial de objetos estelares pequenos, que possuem características tanto de planetas gigantes gasosos quanto de estrelas. Popularmente, esses objetos são conhecidos como "estrelas fracassadas". Eles estão no meio do caminho entre planetas e estrelas, possuem cerca de 75 vezes a massa de Júpiter, e são aproximadamente 15% maiores...
Animação mostra a grande tempestade em W1906 + 40.
Créditos: NASA / JPL-Caltech
Créditos: NASA / JPL-Caltech
Por exemplo: embora algumas das anãs marrons mais massivas possam realizar alguma fusão de baixo nível em seus núcleos, não é suficiente para elevar a temperatura do objeto além de cerca de 2 mil graus, portanto suas atmosferas podem criar camadas e nuvens, gerando fenômenos comuns em planetas, como poderosas tempestades.
O Telescópio Espacial WISE da NASA descobriu W1906 + 40 em 2011, e os astrônomos perceberam que o objeto estava dentro do campo de visão do telescópio espacial Kepler, o caçador de planetas extrassolares da NASA. Normalmente o Kepler observa "trânsitos" de exoplanetas (o ligeiro escurecimento causado pelo bloqueio de sua luz conforme o planeta passa na sua frente), mas às vezes as "manchas estelares" também podem ser detectadas por Kepler.
Embora a luz gerada por W1906 + 40 seja muito fraca, os astrônomos detectaram uma enorme mancha escura que se move juntamente com a rotação da anã marrom. Poderia ser apenas alguma mancha solar gigantesca, assim como algumas já vistas no Sol no período de alta atividade?
Para entender o que era a grande mancha, os pesquisadores buscaram ajuda de outra missão da NASA: o Telescópio Espacial Spitzer, e o que foi descoberto em seguida tornou-se uma grande surpresa.
Observando a anã marrom através do infravermelho, Spitzer foi capaz de determinar que a grande característica escura em W1906 + 40 não era impulsionada por magnetismo, portanto era realmente um fenômeno atmosférico: uma grande tempestade escura, perto do polo norte.
Ilustração artística mostra como poderia ser a visão de uma grande tempestade em uma anã marrom.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / University of Western Ontario / Stony Brook University
Créditos: NASA / JPL-Caltech / University of Western Ontario / Stony Brook University
"A estrela é do tamanho de Júpiter, e sua tempestade é do tamanho da Grande Mancha Vermelha de Júpiter", disse John Gizis, da Universidade de Delaware, e principal autor do estudo publicado no The Astrophysical Journal. "Sabemos que esta tempestade é recente, e talvez tenha dois anos, ou mais." Os cientistas ainda não entenderam se esse tipo de fenômeno é raro ou comum.
Isso nos mostra que talvez o termo "estrela fracassada" é apenas uma visão relativa. Assim como a história do copo "meio cheio ou meio vazio", se pensamos em estrelas, a classe das "anãs marrons" até faz sentido, mas se compararmos com planetas, seriam facilmente vistos como "Gigantes Vermelhos"...
Fonte: NASA / JPL
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / NASA / JPL-Caltech / University of Western Ontario / Stony Brook University
17/12/15
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Realmente é uma grande tempestade! Só acrescentando uma informação: Essa Anã Marrom W1906 + 40 está a 53 anos-luz da Terra na Constelação de Lyra.
ResponderExcluirObrigado pelas informações Diego, já ia pesquisar isso!
ExcluirEssa ilustração artística da Nasa me deixou bem confuso. Em uma anã marrom é possível ter tempestades, com raios e chuva?!
ResponderExcluirPelo menos é isso que foi divulgado pela NASA em uma matéria sobre isso. Quem sabe... Mas acredito que seja algo parecido pelo menos... os raios são resultado da fricção, portanto, é bem provável...
ExcluirPois é... na matéria diz que a temperatura de uma anã marrom não passa dos 2 mil graus. Neste caso, dependendo do tipo de elemento quimico que esse corpo possui, é bem possível criar um ciclo de vaporização e condensação, entre as camadas mais baixas (e quentes) e as mais altas (e frias), trazendo junto as tempestades e raios.
ExcluirSim. Eu vi em um documentário que nas anãs marrons pode haver até chuva de ferro líquido.
ExcluirMuito interessante. E eu que pensava que chuva de hidrocarbonetos em Titã já era o ápice para esse tipo de evento... rsrs
ExcluirQdo eu penso que já vi de tudo vem essa agora...prefiro nem fazer comentários e ficar com Carl Sagan " O primeiro pecado da humanidade foi a fé, a segunda foi a dúvida".
ResponderExcluirQdo eu penso que já vi de tudo vem essa agora...prefiro nem fazer comentários e ficar com Carl Sagan " O primeiro pecado da humanidade foi a fé, a segunda foi a dúvida".
ResponderExcluirPara quem não sabe Júpiter é uma estrela que não deu certo Os processos de formação falharam no início.Ainda bem...duas estrelas no sistema solar seria inviável a vida por aqui.
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