Este pode ser o primeiro meteorito extinto já encontrado na face da Terra

osterplana 65
Um meteorito de 470 milhões de anos foi descoberto, revelando um passado curioso do nosso Sistema Solar...


Um meteorito recém-descoberto pode ser o primeiro "meteorito extinto" (membro de uma classe de meteoritos que não caem mais em nosso planeta). A rocha espacial pode nos dar informações sobre os antigos impactos contra a Terra, e que podem ter influenciado a evolução da vida em nosso planeta, disseram os pesquisadores. A pesquisa completa foi publicada na revista Nature Communications.

Osterplana 65
Meteorito fossilizado encontrado em Osterplana, Suécia.
Créditos: Birger Schmitz         Clique na imagem para ampliar

Os meteoritos mais comuns na Terra, que compõem cerca de 85% das rochas extraterrestres encontradas, sã conhecidos como "condritos ordinários". Condritos são compostos por pequenas bolhas conhecidas como chondrules, que se formam quando gotículas de minerais derretidos se esfriam rapidamente no espaço. Acredita-se que esses meteoritos rochosos são originários de asteroides rochosos similares.

O tipo mais comum de condrito ordinário é do tipo L, o que representa cerca de 47% dessas rochas. Pesquisas anteriores revelaram que a cerca de 470 milhões de anos atrás, houve um aumento de pelo menos cem vezes no número de condritos do tipo L, que caíram na Terra. Isto sugere que o asteroide antigo, "pai" de todos os condritos do tipo L, colidiu com outro asteroide nessa época.

Este grande impacto cósmico ocorreu durante o Período Ordoviciano, quando oconteceram grandes mudanças na diversidade de vida marinha da Terra, como a primeira aparição dos recifes de corais. Uma melhor compreensão desta colisão cósmica poderia nos ajudar a entender distúrbios astronômicos que podem ter influenciado o nosso planeta, segundo o autor do estudo Birger Schmitz, geólogo da Universidade de Lund, na Suécia.

Diorama da fauna e flora do período Ordoviciano
Diorama exibido no Museu de História Natural de Washington DC, nos EUA,
mostra parte da fauna e flora encontradas no Período Ordoviciano.
Créditos: Fritz Geller-Grimm         Clique na imagem para ampliar

"Se percebermos que as mudanças no cinturão de asteroides têm relação direta com as mudanças na biosfera ou no clima da Terra, seremos capazes de entender melhor a história do nosso planeta e do Sistema Solar", disse Birger. "Os cientistas têm visto o nosso planeta como um sistema fechado, mas a descoberta do impacto de um asteroide que matou os dinossauros há 65 milhões de anos fez com que, pelo menos alguns cientistas, mudassem a maneira de ver que a história da vida e da Terra estão ligadas ao reino astronômico."

Agora, os pesquisadores afirmam que este objeto encontrado pode ser um meteorito remanescente do antigo asteroide que se chocou contra o pai dos condritos do tipo L.




"O único meteorito que encontramos no fundo do mar do Período Ordoviciano é de um tipo que não existe mais nos dias de hoje", disse Birger. "Isto sugere que os tipos de meteoritos que caíam na Terra no passado antigo eram muito diferentes daqueles que caem por aqui hoje."

O meteorito recém-descoberto tem cerca de 8 centímetros de comprimento, e sua idade estimada é de 470 milhões de anos. Ele foi descoberto na pedreira de Thorsberg, perto da vila de Österplana, na Suécia, junto com mais de 100 condritos do tipo L da mesma idade. Seu nome oficial é Österplana 65 (ou Öst 65).

pedreira de Thorsberg -Suécia
Pedreira de Thorsberg, na Suécia, onde mais de 100 meteoritos fossilizados foram encontrados.
Créditos: Birger Schmitz         Clique na imagem para ampliar

O meteorito possui grãos de cristais conhecidos como "spinels" que são muito diferentes daqueles encontrados em todos os outros meteoritos conhecidos. Uma análise mais aprofundada no estranho meteorito descobriu que sua relação de crômio para isótopos de oxigênio é diferente de qualquer outra já vista em meteoritos conhecidos.




"Por um longo tempo, chamávamos esse meteorito de "Objeto Misterioso", porque não conseguíamos entender o que era", disse Birger. Ele e seus colegas estimaram a idade do meteorito ao medir seu tempo de exposição a raios cósmicos, uma técnica de datação chamada de "exposição de raios cósmicos". Eles descobriram que o impacto que originou o meteorito ocorreu cerca de 1 milhão de anos antes deles colidirem com a Terra. Isso sugere que o impacto que originou Öst 65 foi o mesmo que destruiu o "asteroide pai" dos condritos do tipo L, afirmam cientistas.

Os pesquisadores dizem ainda que o asteroide pai de Öst 65 pode ter sido praticamente destruído durante sua colisão com o progenitor dos condritos do tipo L, o que poderia explicar por que este tipo de meteorito não tem sido encontrado aqui na Terra.




"Este é o primeiro exemplar documentado de um meteorito extinto, isto é, um tipo de meteorito que não cai mais na Terra", disse Birger. "Conhecíamos animais extintos, e agora, este é o primeiro meteorito extinto encontrado."

Os resultados sugerem ainda que os meteoritos encontrados em grande parte da Terra atualmente não são suficientes para nos dar uma visão completa dos tipos de corpos que existiam no Cinturão de Asteroides há mais de 500 milhões de anos, ou na nuvem de gás e poeira que deu origem ao Sistema Solar a 4,6 bilhões de anos atrás.

"Baseamos a nossa visão de como o Sistema Solar se formou e evoluiu, a partir dos meteoritos que caem na Terra hoje", disse Birger. "Se esses meteoritos não representam o passado remoto, temos que levar isso em consideração ao reconstruirmos a forma que a nebulosa original se condensou e deu origem aos planetas e asteroides."




Pesquisas futuras podem descobrir outras classes de meteoritos extintos, que ainda nem sequer temos conhecimento, afirmam os pesquisadores.






Imagens: (capa-Birger Schmitz) / Birger Schmitz / Fritz Geller-Grimm
20/06/16


Gostou da nossa matéria?
Curta nossa página no Facebook
para ver muito mais!


Encontre o site Galeria do Meteorito no FacebookTwitter e Google+, e fique em dia com o Universo Astronômico.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

8 comentários:

  1. Puxa... 470 milhões de anos... mais ou menos o tempo do último reajuste do magistério estadual do rio grande do sul... Neste tempo o Brasil era um país bom de investir.

    ResponderExcluir
  2. tava vendo a matéria sobre os buracos negros e sobre o sol, passou por minha cabeça quando um sol atingi seu ponto de alta destruição gerando grandes explosões, me dei conta que fragmentos voam pelo espaço assim sendo provavelmente se tornando meteoros ou ate mesmo asteroides ou cometas, e desses tipos de fragmentos pode se formar a vida vinda do próprio sol.

    creio q a vida seja de fragmentos lançado ao espaços dessas explosões que cai em planetas habitáveis!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gostei bastante de sua linha de raciocínio, até porque faz muito sentido!

      Excluir
  3. Vi um risco no céu hoje, foi muito rápido em Aracruz ES, alguém sabe o que pode ser?

    ResponderExcluir
  4. Vi um risco no céu hoje, foi muito rápido em Aracruz ES, alguém sabe o que pode ser?

    ResponderExcluir
  5. Vi um risco no céu hoje, foi muito rápido em Aracruz ES, alguém sabe o que pode ser?

    ResponderExcluir
  6. Muito intrigante e interessante esse "meteorito extinto", pois quando nos aprofundamos em ler a respeito acabamos ficando com mais incógnitas!

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.