1 ano no espaço: estudos preliminares mostram resultados surpreendentes

1 ano no espaço - resultados do estudo
Ficar tanto tempo exposto a microgravidade ou a gravidade zero afeta nossos genes substancialmente...

Passar um ano no espaço afetou o corpo do ex-astronauta da NASA, Scott Kelly, de maneira sutil, mas potencialmente significativa, sugere uma nova pesquisa.

Scott Kelly e o cosmonauta Mikhail Kornienko passaram por uma experiência inédita: permanecer 1 ano inteiro fora da gravidade da Terra, a bordo da Estação Espacial Internacional. Eles concluíram a missão, e retornaram em março de 2016 para a "vida comum". Mas o objetivo principal dessa missão era avaliar os impactos fisiológicos e psicológicos de voos espaciais de longa duração, a fim de ajudar no preparo de futuras missões tripuladas para Marte e outros destinos espaciais.

E para que o trabalho proporcionasse resultados ainda mais confiáveis, a NASA também utilizou o irmão gêmeo de Scott Kelly, um ex-astronauta da própria agência espacial. Mark Kelly, o irmão de Scott, permaneceu aqui na Terra durante 1 ano, servindo como controle experimental que permitia aos cientistas detetar mudanças genéticas que o espaço causaria em seu irmão Scott.




Diversas equipes de pesquisadores ainda estão analisando os dados e entendo quais mudanças ocorreram em Scott Kelly, mas alguns resultados preliminares já foram divulgados pela NASA. Por exemplo, uma equipe descobriu que os telômeros (regiões nas extremidades dos cromossomos no glóbulos brancos) de Scott Kelly ficaram mais longos durante a missão. Os telômeros ajudam a proteger os cromossomos de deterioração e ficam mais curtos a medida que as pessoas envelhecem.

Scott Kelly e Mikhail Kornienko na Estação Espacial Internacional
Na imagem, o astronauta Scott Kelly e o cosmonauta Mikhail Kornienko dão as mãos antes do retorno à Terra.
Créditos: NASA

O aumento dos telômeros de Scott pode estar relacionado ao aumento de exercícios e à redução de ingestão calórica durante a missão, segundo funcionários da NASA. No entanto, ao retornar à Terra, eles começaram a se encurtar novamente. Um fato curioso é que a atividade da enzima que repara os telômeros e os alonga, aumentou em ambos os gêmeos, nos mesmos dias. Segundo os cientistas, isso pode estar relacionado ao evento estressante que acontecia com os dois.




Outra equipe de pesquisa encontrou uma aparente diminuição da formação óssea durante o segundo semestre da missão de Scott. Outro grupo identificou uma ligeira diminuição na capacidade cognitiva, ou seja, velocidade de pensamento e precisão. Mas de acordo com os cientistas, esses resultados não são suficientemente substanciais a ponto de afetar o desempenho de astronautas com destino a Marte.

Além disso, o sequenciamento do genoma completo de Mark e Scott revelou que ambos os gêmeos possuem centenas de mutações genéticas únicas. "O sequenciamento do RNA mostrou mais de 200.000 moléculas de RNA que se comportaram de forma diferente entre os gêmeos", disseram funcionários da NASA. Os pesquisadores farão mais buscas para identificar se o "gene do espaço" poderia ter sido ativado quando Scott estava na Estação Espacial Internacional.




Todos os resultados ainda são preliminares. Os cientistas responsáveis pelo estudo dos gêmeos pretendem publicar artigos completos e mais elucidativos sobre suas descobertas ainda esse ano em revistas científicas.







Imagens: (capa-NASA) / NASA
03/02/17


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6 comentários:

  1. Nada segura o homem, o desafio é grande mas já tivemos desafios parecidos, só lembrando um pouco de história:
    "Em média, a cada três navios que partiam de Portugal nos séculos 16 e 17, um afundava. Cerca de 40% da tripulação morria nas viagens, vítimas não só de naufrágios, mas também de ataques piratas, doenças e choques com nativos dos locais visitados. Quem sobrevivia ainda tinha que aguentar o insuportável mau cheiro a bordo e as acomodações precárias. “Nas cobertas inferiores (onde as pessoas dormiam), o ar e a luz eram escassos, sendo fornecidos apenas por fendas entre as madeiras, que deixavam passar também a água do mar, tornando os porões abafados, quentes e úmidos”, diz o historiador Fábio Pestana Ramos, da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban).

    Ao infinito e além, bom 2017 a todos!

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  2. Bela matéria. Esses exames devem demorar bastante ainda pra se ter uma conclusiva que sirva de comparação satisfatória. Para quem gosta de documentários, existe um no Youtube 'Scott Kelly, um ano no espaço'. É uma espécie de diário do astronauta ( também do Mikhail Kornienko). Conta um pouco sobre esses heróis que sacrificaram a saúde, suas famílias para que em um futuro próximo a humanidade possa explorar outros mundos, outras estrelas.\o/

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  3. Acredito que o ser humano possa evoluir e se transformar em um Homo Sapiens espacial. Afinal nossos genes estão sempre em evolução. (desculpe se eu "falei" alguma besteira)\o/

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    1. Não falou besteira, Mario. Nossos genes estão sim em constante mudança por meio das mutações genéticas que ocorrem através dos raios cósmicos, além da seleção natural. Se a humanidade fosse morar no espaço, é bem provável que o meio espacial selecionasse por meio da seleção natural, e após muitas gerações, os humanos mais aptos a viver essa nova realidade.

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    2. Cara, concordo plenamente, veja as obras de Arthur C. Clarke, 2061 e 3001, ele aborda esse assunto, os colonos da lua de jupiter, Ganimedes ou Calisto, não me recordo, são bem diferentes do humano terráqueo, só acho que não vai ser seleção natural, mas sim artificial mesmo, o homem vai ter que manipular alguns genes para desbravar esse universo.

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    3. O que você disse está super certo Mario Farias! A nossa genética vai se adaptando conforme o ambiente, vide as diferentes raças (negros, orientais, europeus, etc..).

      Em um estudo que li (não me lembro exatamente onde ou quando) falava-se sobre as mutações genéticas que os seres-humanos sofreram. Por exemplo: na Europa, o clima é mais frio do que na África, portanto desenvolveu-se camadas de pelo e mais gordura; os esquimós possuem olhos puxados e com uma camada extra de gordura por conta do vento congelante do polo norte, e por aí vai...

      Certamente, ficar exposto a um ambiente acaba por mudar ligeiramente a nossa genética, sobretudo ao longo de muito tempo. Uma matéria que postamos aqui em nosso site, por exemplo, fala sobre algumas pessoas que habitam certas regiões do globo (inclusive do Brasil) que têm uma maior resistência a radiação, justamente porque habitam regiões onde os índices de radiação são mais elevados. Astronautas que farão viagens interplanetárias ficarão expostos a um pindice maior de radiação, então seria bom escolher pessoas que têm uma tolerância maior. Pra quem tiver interesse no assunto, veja aqui a matéria: http://www.galeriadometeorito.com/2016/01/brasileiros-primeiros-chegar-em-marte-radiacao.html

      Quem sabe até o segredo da longevidade (ou da cura de alguma doença) esteja justamente no espaço?!

      Abraços!

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