O oceano abaixo da crosta gelada de Encélado, lua de Saturno, pode quase chegar acima da superfície em algumas regiões, sugere um novo estudo, publicado recentemente na revista Nature Astronomy.
Medições feitas pela sonda Cassini, da NASA, indicam que apenas 3,2 km de gelo podem cobrir o oceano na região polar sul da lua.
"Esta descoberta abre novas perspectivas para investigar o surgimento de condições habitáveis nas luas geladas dos planetas gigantes de gás", disse Nicolas Altobelli, cientista do projeto da ESA (Agência Espacial Européia) para a missão Cassini-Huygens.
"Se o mar subterrâneo de Encelado está realmente tão perto da superfície como indica o novo estudo, então uma missão futura para esta lua, munida de instrumentos de radar de detecção de gelo, poderia detectar isso", acrescentou Altobelli.
Em 2005, a Cassini descobriu jatos de água gelada, moléculas orgânicas e outros materiais sendo ejetados no espaço a partir de quatro grandes fissuras perto do pólo sul de Encélado. Os cientistas acreditam que este material vem do oceano subterrâneo, que parece estar em contato com a crosta rochosa de Encélado.
Imagem feita pela sonda Cassini mostra as fissuras chamadas de "faixas de tigre", visíveis no polo sul de Encélado.
Créditos: NASA / JPL / Space Science Institute
Essas descobertas levaram a maioria dos astrobiólogos a considerar Encélado como uma das melhores apostas do Sistema Solar para hospedar vida extraterrestre, juntamente com a lua Europa de Júpiter, que por sua vez, também abriga um oceano sob sua crosta de gelo.
Para o novo estudo, os pesquisadores analisaram as observações que a sonda Cassini fez de uma área de 500 km ao norte das fissuras chamadas "faixas de tigre". A sonda fez essas observações usando seu instrumento de radar durante um voo rasante em Encélado, ocorrido em novembro de 2011.
Em vermelho, a faixa de 500 km de extensão próxima do polo sul da lua Encélado, observada pela sonda Cassini.
As listras esverdeadas são as fissuras na crosta de gelo, chamadas de "listras de tigre".
Créditos: NASA / JPL-Caltech / Space Science Institute / A. Lucas
Os dados do radar sugerem que as temperaturas a poucos metros abaixo da superfície nesta área estão entre -213°C a -223°C. Isso é extremamente frio, obviamente, mas é cerca de 20°C mais quente do que se pensava, disseram os membros da equipe.
Esta "anomalia térmica" sugere que a camada de gelo de Encélado é muito fina e em torno do pólo sul, tenha talvez apenas 2 km de espessura em alguns lugares.
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Os novos resultados são amplamente consistentes com os resultados de um estudo de 2016, feito por outra equipe, que foi baseado em medidas de gravidade e forma de Encélado. O estudo de 2016 determinou que o oceano tem cerca de 18 a 22 quilômetros de espessura em média, mas diminui no polo sul de Encélado, chegando a ter apenas 5 quilômetros.
Imagens: (capa-NASA) / NASA / JPL-Caltech / Space Science Institute / A. Lucas
20/03/17
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