O observatório espacial Kepler, da NASA, é um dos maiores responsáveis por descobertas de planetas que estão fora do nosso Sistema Solar (planetas que orbitam outras estrelas). Mas além do Kepler, existem exoplanetas que só estão ao alcance de um outro observatório experimental, como é o caso de OGLE-2016-BLG-1195Lb - uma "Terra de Gelo" que orbita sua estrela na mesma distãncia que o nosso planeta orbita o Sol, e está a mais de 13.000 anos-luz de distância.
OGLE é o acrônimo de Optical Gravitational Lensing Experiment, um telescópio terrestre no deserto de Atacama, desenvolvido pela Universidade de Varsóvia, da Polônia, dedicado a encontrar e acompanhar eventos através do método de microlente gravitacional, um fenômeno de lente gravitacional que ocorre em pequenas escalas que chegam até a tamanhos planetários.
Ilustração do efeito de microlente gravitacional.
Créditos: Encyclopaedia Britannica / divulgação / Edição: Richard Cardial
Para entender o fenômeno de lente gravitacional, você pode acessar uma matéria publicada aqui em nosso site, onde falamos sobre uma supernova que só pôde ser vista por conta do efeito gravitacional de um buraco negro... Já o efeito de microlente gravitacional ocorre da mesma forma, porém, numa escala muito menor, quando uma estrela passa exatamente na frente de outa estrela mais distante (de acordo com o nosso ponto de vista).
Para criar o efeito, a massa da estrela mais próxima distorce a luz da estrela mais distante, que parece brilhar mais forte ao longo de horas, dias, ou até semanas. Mas como esse fenômeno depende de um alinhamento perfeito, a melhor forma de capturá-lo é monitorar uma enorme área do céu, noite após noite. O OGLE monitora o brilho de centenas de milhões de estrelas da região central da Via Láctea e também nas Nuvens de Magalhães.
Apesar da missão principal do OGLE ser desvendar a natureza da matéria escura, os eventos de microlentes também podem revelar a presença de planetas, pois se a estrela mais próxima tiver um planeta que a orbita, cria-se um brilho secundário na estrela distante. Enquanto Kepler é mais adequado para encontrar planetas que orbitam suas estrelas numa maior proximidade, OGLE é mais adequado para encontrar planetas mais distantes de suas estrelas.
O exoplaneta OGLE-2016-BLG-1195Lb
No final de junho de 2016, o OGLE detectou o brilho de um evento de microlente gravitacional, e enviou um alerta solicitando vários outros observatórios a observá-lo simultaneamente. Tanto a Rede Coreana de Telescópio de Microlentes Gravitacionais (KMTNet) quanto o telescópio espacial Spitzer da NASA, começaram a monitorar o evento ao longo de um mês. Na época, os astrônomos não sabiam sobre a presença de um planeta. Foi somente ao analisar os dados que os cientistas viram sua assinatura.
OGLE só pode medir a proporção da massa da estrela para com a massa de seu planeta. Foram os dados adicionais de KMTNet e Spitzer que criaram uma espécie de visão estereoscópica, permitindo aos astrônomos calcular a massa de objetos individuais no sistema.
O planeta recém-descoberto não tem apenas a mesma massa da Terra, mas também orbita sua estrela na mesma distância que a Terra orbita o Sol. Mas mesmo assim, apesar das coincidências, o planeta OGLE-2016-BLG-1195Lb está muito além da zona habitável de sua estrela, e é provável que ele seja uma bola de gelo permanente. Se você é do tipo de pessoas que adora inverno, neve e montanhas brancas, provavelmente iria adorar a paisagem desse planeta.
Ilustração artística do exoplaneta OGLE-2016-BLG-1195Lb - uma Terra de Gelo.
Ele foi descoberto quando sua estrela mãe produziu o efeito de microlente gravitacional numa estrela mais distante.
Créditos; NASA / JPL-Caltech
A estrela OGLE-2016-BLG-1195L, tem apenas 7,8% da massa do nosso Sol, ou pouco menos de 100 vezes a massa de Júpiter, que o coloca na área cinzenta entre estrelas anãs vermelhas e anãs marrons, que são pequenas demais para fundir hidrogênio. Isso significa que esse exoplaneta descoberto, além de ser extremamente frio, também é muito pouco iluminado...
Dado que as anãs vermelhas são o tipo mais comum de estrela na Galáxia, quanto mais podemos aprender sobre sua probabilidade de hospedar planetas, melhor entenderemos a formação de planetas. Ainda não temos uma ideia muito boa de como o ambiente de uma estrela (presença de companheiro binário, densidade de estrelas próximas, radiação intensa de vizinhos estelares) pode afetar sua capacidade de hospedar um sistema planetário.
Projetos como o OGLE, que focam em observações de ambientes densos, como a região central da Via Láctea, podem ajudar a esclarecer se a frequência de planetas no disco da Via Láctea é diferente da frequência na região central. Um estudo recente com 20 exoplanetas descobertos por OGLE sugere que os planetas são menos abundantes na região central, mas essa ainda não é uma resposta definitiva. Novas descobertas com certeza irão ajudar a entendermos cada vez mais quando, onde e como os planetas surgem com mais frequência...
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / Encyclopaedia Britannica / divulgação / Richard Cardial / NASA / JPL-Caltech
09/05/17
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