A primeira vez que olhamos para Plutão bem de perto, foi tão intrigante e revelador que alguns pesquisadores já estão com planos de voltar até lá, mas para ficar muito mais tempo...
Recentemente, 35 cientistas se reuniram por 7 horas no Texas, EUA, para discutir um projeto básico e objetivos científicos de uma possível nova missão, que colocaria um orbitador em Plutão. Tudo seria baseado no que conhecemos até agora, principalmente após o épico sobrevoo em Plutão realizado em julho de 2015 pela sonda New Horizons, da NASA.
Alan Stern, pesquisador principal da missão new Horizons, lembrou que nos anos 80, conhecer Plutão de perto era apenas uma possibilidade levantada por ele e alguns colegas, e que agora se concretizou, e que da mesma forma, isso pode acontecer novamente com esse novo projeto.
Os voos rasantes da New Horizons revelaram Plutão como um mundo incrivelmente diversificado, com vastas planícies de gelo de nitrogênio, montanhas de mais de 3 km de altura de gelo de água e uma grande riqueza de características. Mas a sonda teve pouco tempo para observar Plutão e seu sistema. Segundo Alan Stern, se a sonda tivesse orbitado o planeta anão mais uma vez, teríamos descoberto muito mais. "Poderíamos mapear cada centímetro quadrado do planeta e suas luas", disse ele. "Seria um espetáculo científico."
Ilustração artística da sonda New Horizons durante sobrevoo em Plutão e Caronte.
Créditos: NASA / New Horizons
A possível nova missão, como prevista atualmente, iria colocar um orbitador em Plutão usando o poder gravitacional de sua maior lua, Caronte, para estilingá-lo aqui e alí. Seria uma estratégia semelhante aquela empregada pela sonda Cassini, que usou a maior lua de Saturno, Titã, em seus sobrevoos rasantes.
Anteriormente, Alan Stern já havia proposto uma nova missão com destino a Plutão, que colocaria um pousador em Caronte. Mas o conceito atual é diferente. "Com um pousador em Caronte, ficaríamos presos olhando para o mesmo lado de Plutao", disse Alan. Isso aconteceria porque Caronte e Plutão possuem rotação sincronizada, o que significa que cada um dos mundos está sempre com o mesmo lado voltado para o outro. Alan ainda acrescentou: "E você não poderia se aproximar o bastante, nem descer até a atmosfera. Isso, eu acho, é um conceito melhor de missão."
Embora a missão pareça semelhante a Cassini, o orbitador de Plutão seria mais parecido com a sonda Dawn da NASA, que atualmente está orbitando o planeta anão Ceres. "Assim como a sonda Dawn, a possível nova sonda de Plutão provavelmente usaria propulsão elétrica e teria meia-dúzia de instrumentos científicos", disse Alan.
Plutão registrado em 14 de julho de 2015 pela sonda New Horizons.
Quatro imagens foram combinadas com dados de cor para concluir essa visão global do planeta anão.
Créditos: NASA / Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory / Southwest Research Institute
No entanto, como o orbitador de Plutão estaria operando tão longe do Sol, ele dependeria da energia nuclear para gerar sua eletricidade, ao invés da luz solar, assim como Dawn, acrescentou Alan. E o preço seria maior do que a missão Dawn, que custou $467 milhões de dólares. A nova missão de Plutão provavelmente se qualificaria como uma missão de Nova Fronteira, ou um pequeno Carro-Chefe. (As missões de Nova Fronteira custam cerca de $1 bilhão de dólares, enquanto as de Carro-Chefe podem ultrapassar os $2 bilhões de dólares).
Alan Stern disse que essa nova missão poderia ser lançada já em 2020, mas caso aconteça mais tarde, em 2030, teria um significado cerimonial, pois seria o 100° aniversário da descoberta de Plutão. A sonda passaria sete ou oito anos viajando para o planeta anão, e cerca de quatro ou cinco anos estudando Plutão e suas luas.
E se tudo der certo, quando terminar seu trabalho em Plutão, a espaçonave poderia usar a gravidade de Caronte para escapar do sistema de Plutão e ir em direção a um outro objeto no Cinturão de Kuiper (um anel de corpos gelados além da órbita de Netuno). Na verdade, a New Horizons já está fazendo algo semelhante, e em 1° de janeiro de 2019, deverá fazer um voo rasante em um pequeno objeto do Cinturão de Kuiper chamado 2014 MU69.
Alan Stern finalizou seu discurso dizendo que uma nova missão a Plutão ainda está longe de se tornar realidade, mas que ele e seus colegas irão amadurecer o conceito a tempo de ser incluído na próxima Pesquisa de Ciências Planetárias da Década, um congresso do Conselho Nacional de de Pesquisas dos EUA que define as prioridades de exploração para a NASA a cada dez anos.
A próxima conferência terá início em 2020, terminando em 2022, e será publicada em 2023. "A cortina está se abrindo", disse Alan. "Uma nova missão com destino a Plutão será um tema de discussão agora e para os próximos anos."
Imagens: (capa-NASA) / NASA / New Horizons / Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory / Southwest Research Institute
08/05/17
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