Cientistas e engenheiros da NASA divulgaram recentemente um plano animador: a criação de um instrumento que estudará a composição química dos geyseres de Encélado, lua de Saturno.
O sensor remoto chamado SELFI (Submilimiter Enceladus Life Fundamentals Instrument) representa uma melhora significativa se comparado a outras tecnologias. Ele foi projetado para medir traços químicos nas plumas de vapor de água de Encélado, além de partículas de gelo que são ejetadas pelas fissuras conhecidas como "listras de tigre". Ao observar as plumas de vapor de Encélado, os cientistas acreditam que serão capazes de desvendar a composição do oceano situado abaixo da crosta de gelo da lua, e que segundo grande parte da comunidade científica, poderia abrigar vida.
Antigamente, acreditava-se que Encélado era um objeto sólido, porém, com ajuda da missão Cassini, os cientistas descobriram uma ligeira ondulação em sua órbita, o que sugeria a presença de um oceano global escondido abaixo de sua crosta congelada. A força de maré de Saturno faz com que Encélado seja esticado e empurrado, gerando calor suficiente para que a água permaneça em estado líquido em seu interior. Mas esse efeito de maré exercido por Saturno também cria grandes fissuras na crosta de gelo de Encélado, por onde parte de seu oceano acaba escapando para o espaço. São cerca de 100 fissuras no total, ejetando água, gelo, dióxido de carbono, metano e outros gases...
Desde a descoberta do grande oceano de água líquida no interior de Encélado, os cientistas acreditaram ser possível a existência de formas de vida abaixo da crosta de gelo. E a melhor forma para descobrir se realmente há vida em encélado, é justamente observando o oceano a fundo! E olha que nem precisamos estar lá pra isso...
Gráfico mostra atividade hidrotermal detectada em Encélado, lua de Saturno.
A detecção foi feita através de sobrevoos da sonda Cassini, principalmente o último ocorrido em 28 de outubro de 2015.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / Southwest Research Institute / Tradução: Galeria do Meteorito
"Cumprimentos de onda no sub-milimetro, que abrangem a alta frequência de rádio, é uma forma de medir os diferentes tipos de moléculas", disse Gordon Chin, investigador principal do SELFI. "Podemos escanear as plumas e descobrir o que está saindo de dentro de Encélado. Vapor de água e outra moléculas podem revelar um pouco da química do oceano e guiar futuras naves espaciais para os melhores pontos de observação direta."
As linhas espectrais de moléculas de monóxido de carbono, por exemplo, são diferentes das moléculas de água, assim como de qualquer outra linha espectral. Ou seja, cada molécula apresenta uma assinatura própria e inconfundível, porém, elas são sutis. Nem todo espectrômetro consegue diferenciá-las. Mas observar as plumas de Encélado no sub-milimetro tornará isso possível.
É através do espectro que os cientistas conhecem a composição de estrelas, planetas, cometas e outros objetos. Por isso que, para conhecermos a composição de um certo objeto não é necessário recolher uma amostra física dele. Basta uma amostra de seu espectro. Basta observá-lo.
Chin e sua equipe projetaram um espectrômetro com uma sensibilidade ainda maior, capaz de amplificar os sinais recebidos através da frequência de 557 GHz, o que bate com a linha emitida pela água. Isso facilitará a identificação de água, mesmo que ela esteja em quantidades ínfimas.
Por conta de suas melhorias, o instrumento SELFI será capaz de detectar e analisar 13 tipos de moléculas ao mesmo tempo, incluindo água, metanol, amônia, ozônio, peróxido de hidrogênio, dióxido de enxofre e cloreto de sódio.. tudo que faz os oceanos da Terra serem salgados.
"SELFI é um dos instrumentos no sub-milimetro mais ambiciosos já criados", disse Chin. "É algo completamente novo!"
Finalmente, a maior dúvida da humanidade começa a engatinhar na direção de uma resposta plausível. -"Existe vida em outros planetas?"
Imagens: (capa-ilustração/NASA/divulgação) / NASA / JPL-Caltech / Southwest Research Institute
07/11/17
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Caramba, pensei que ia ver uma data estipulada pra isso ocorrer, mas tudo bem, o que importa é o avanço do conhecimento.
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