Nosso Sistema Solar pode ser um sistema "estranho" no Universo, de acordo com um novo estudo publicado na revista The Astronomical Journal.
Dados do telescópio espacial Kepler, da NASA, mostram que na maioria dos casos, os exoplanetas que orbitam a mesma estrela têm tamanhos semelhantes e espaçamento regular entre suas órbitas.
Por outro lado, aqui no nosso Sistema Solar, sabemos que os planetas possuem uma grande variedade de tamanhos, e as distâncias entre cada um também são bem diferentes em cada caso. O menor planeta do Sistema Solar, Mercúrio, tem cerca de um terço do tamanho da Terra, sendo que o maior, Júpiter, é aproximadamente 11 vezes maior do que o mundo em que vivemos. O espaçamento entre os planetas daqui também são bem diferentes, e mudam drasticamente entre os planetas internos e os planetas externos.
A equipe responsável pelo estudo, liderada por Lauren Weiss, astrofísica da Universidade de Montreal, sugeriu que nosso Sistema Solar pode ter se formado de forma diferente do que todos os outros. Apesar de tal afirmação, são necessários mais estudos e observações para termos certeza de que esse seja realmente o caso.
"Os planetas em um sistema tendem a ter os mesmos tamanhos e espaçamentos entre si, como as ervilhas em uma vagem. Esses padrões não ocorreriam se os tamanhos ou espaçamento dos planetas fossem aleatórios", disse Lauren Weiss.
Ilustração artística do sistema Kepler-11 que possui 6 planetas já descobertos que orbitam uma estrela igual ao nosso Sol.
Créditos: NASA / Tim Pyle
A equipe examinou mais de 350 estrelas que tinham um total de 909 planetas. Todos eles foram descobertos através da técnica chamada "trânsito planetário" - quando a passagem de um planeta escurece a face de sua estrela de acordo com o nosso ponto de vista. Todos os mais de 350 sistemas estudados ficam entre 1.000 e 4.000 anos-luz de distância da Terra.
"Os tamanhos semelhantes e o espaçamento orbital dos planetas têm implicações sobre a forma como a maioria dos sistemas planetários se formam", disseram os pesquisadores em uma declaração. "Na teoria clássica, os planetas se formam no disco protoplanetário que envolve uma estrela recém formada. Os planetas podem se formar em configurações compactas com tamanhos semelhantes e um espaçamento orbital regular, de forma semelhante ao padrão recém-observado em sistemas exoplanetários. "
No nosso próprio Sistema Solar, no entanto, a história é muito diferente. Os quatro planetas terrestres (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) estão muito espaçados. A equipe apontou evidências de outras pesquisas que dizem que Júpiter e Saturno podem ter quebrado a estrutura principal do Sistema Solar quando ainda estava em formação.
Cada um dos exoplanetas examinados no estudo foi originalmente encontrado pelo telescópio espacial Kepler, lançado em 2009 e operante até os dias atuais. Informações ainda mais detalhadas foram obtidas pelo Observatório Keck no Havaí, que ajudou na pesquisa dos sistemas analisados.
Lauren Weiss planeja acompanhar planetas semelhantes a Júpiter com o Observatório Keck, a fim de entender melhor se a presença de uma planeta tão grande alteraria significativamente a posição de outros planeta do mesmo sistema. Por enquanto, a estranheza peculiar do nosso Sistema Solar ainda não foi completamente compreendida.
Imagens: (capa-ilustração/divulgação) / NASA / Tim Pyle
17/01/18
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