Ao analisar fotos recentes enviadas em 2018 pela sonda Curiosity (através do Mars Hand Lens Imager MAHLI), o pesquisador Barry DiGregorio levantou uma questão intrigante: teríamos finalmente encontrado vestígios fósseis em Marte?
DiGregorio é pesquisador do Centro Buckingham de Astrobiologia, no Reino Unido, e autor dos livros científicos "Marte: o Planeta Vivo" e "Micróbios de Marte".
De acordo com DiGregorio, o que foi encontrado pela sonda Curiosity em Marte é muito semelhante aos fósseis do ordoviciano fotografados e estudados por ele aqui na Terra. "Se não são fósseis, quais outras explicações geológicas a NASA vai nos dar?"
As características encontradas em Marte são extremamente pequenas, com tamanhos entre 1 e 2 milímetros de largura, sendo que o objeto mais longo mede cerca de 5 milímetros.
Os vestígios apareceram primeiramente em imagens em preto e branco. Assim que os cientistas o encontraram, a equipe de pesquisas da missão Curiosity foi atrás de imagens coloridas bem focadas, feitas pelo instrumento MAHLI. De acordo com Ashwin Vasavada, cientista de projetos da missão, as características da rocha eram realmente diferentes o suficiente para receber mais atenção."
Imagem feita pela MastCam da sonda Curiosity em dezembro de 2017.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / MSSS
Christopher Edwards, membro da equipe Curiosity e geólogo planetário da Northern Arizona University, também se pronunciou sobre a manobra da sonda para voltar ao local e estudar as características marcantes. "Esse local foi tão interessante que fizemos o rover voltar até lá para olharmos melhor. Temos alguns alvos peculiares que justificam um interrogatório adicional."
Geológico ou biológico?
A origem dessas estranhas características encontradas em Marte ainda é uma grande questão. Vasavada afirma que não se pode descartar uma origem biológica, e que de fato podem ser vestígios fósseis, mas ao mesmo tempo, não se pode fazer com que isso seja a primeira interpretação.
Um olhar mais atento mostra que os objetos angulares possuem múltiplas dimensões, o que poderia ser explicado como cristais na rocha que também são encontrados aqui na Terra, segundo Vasavada. Essa seria uma das poucas possibilidades, explicou ele.
Como vamos saber se são realmente fósseis em Marte?
"Isso é muito desafiador.. distinguir se são cristais de rocha ou vestígios fósseis sem estudá-los num laboratório. Temos uma capacidade limitada para entender se trata-se de processo biológico ou não", disse Vasavada.
Imagem feita pela ChemCam em 31 de dezembro de 2017 revela os tubos que estão intrigando os cientistas.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / LANL
A câmera MAHLI, a Chemistry and Camera (ChemCham) e o espectrômetro Alpha Particle X-Ray, que fazem parte do rover Curiosity, estão inspecionando os pequenos objetos a fim de revelar qualquer traço biológico, mas essa não será uma tarefa fácil...
Duas fortes hipóteses
"As imagens da Curiosity realmente dão curiosidade", disse Pascal Lee, cientista planetário do Instituto Mars e do Instituto SETI (Pesquisa de inteligência Extraterrestre). "É difícil dizer o que são esses bastões... mas o que me veio à cabeça de imediato é a bioturbação, um processo no qual organismos vivos podem perturbar os sedimentos ao seu redor criando estruturas como essa."
Ainda de acordo com Lee, são necessárias mais evidências para se fazer qualquer afirmação. "Afirmações extraordinárias requerem provas extraordinárias", disse ele relembrando a famosa frase de Carl Sagan. E continua: "Mas eu tenho que dizer que a imagem é realmente intrigante, e espero que a sonda Curiosity gaste mais tempo na área para estudar a fundo. Isso é emocionante!"
Imagem registrada pela câmera MAHLI no dia 2 de janeiro de 2018.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / MSSS
Outro processo que também pode explicar essas estruturas é a "concreção" - um processo que se parece com a bioturbação, porém é físico e não biológico.
"Legal! parece mesmo com bioturbação, e se essa fosse uma foto da Terra provavelmente essa seria a explicação", disse Dirk Schulze-Makuch, astrobiólogo e professor da Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha. "Mas as concreções parecem ser bastante semelhantes, e como essa foto foi feita em Marte, e não na Terra, elas são mais prováveis."
Por outro lado, se as estruturas realmente forem bioturbações, então teríamos evidências de que a vida em Marte seria não apenas unicelular, mas que teria se desenvolvido para organismos multicelulares. A resposta? Só nos resta aguardar...
Imagens: (capa-divulgação) / NASA / JPL-Caltech / MSSS / LANL
08/01/18
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Super interessante! Que seja biológica e não geológica!
ResponderExcluir100% geológica....
ExcluirMarte sempre esteve fora da zona habitavel, regiao onde se encontra a Terra. Portanto, nunca teve nada lá em materia de vida, somente rochas fossilizadas .
ResponderExcluirZona habitável, é um termo que define uma posição meio que "perfeita" no sistema solar, onde você não está nem muito perto e nem muito longe do sol, tendo condições climáticas perfeitas para criar vida. Porém como a vida em si ainda é um mistério para nós, nos sabemos se ela pode ser criada sem essas condições, temos como exemplo os peixes do extremo fundo dos oceanos, onde a temperatura é bem baixa e eles não chegaram a ver o sol em nenhum momento da vida, mesmo assim sobrevivem, além disso já temos evidências de que Marte já não só te é rios como também vida unicelular, ele poderia muito bem também ter tido vida multicelular.
ExcluirZona Habitável é um termo relativo. Há plantas que têm que ser regadas todos os dias e plantas que sobrevivem no desserto. E não sabemos se marte sempre se encontrou na trajetória atual. E a presença de um antigo campo magnético poderia permitir a vida em marte. Há que não esquecer que sem campo magnético a terra teria alguns problemas em ser considerada habitável
ExcluirA vida como a conhecemos em nosso planeta so acontecetia em outro mundo se o mesmo tivesse condições físico/ químicas semelhantes. Nexto contexto o termo zona habitável é uma aplicação coerente. O VALLE MARINERS, por exemplo, sobre o mesmo Já existe um grande consenso de sua formação se tratar de um impacto celeste e não uma depressão causada por fluxo d'água nem sismico. Nenhum estudo sobre o universo é concludente ou absoluto, ainda mais sibre formação planetária, nossa capacidade de afirmação científica fica entre 1 e 30 numa escala de 100%.
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