No dia 6 de fevereiro, a SpaceX lançou com sucesso o foguete Falcon Heavy para o espaço. O evento ganhou destaque em toda mídia internacional, tornando-se um divisor de águas na história da exploração espacial. Falcon Heavy é o foguete mais poderoso da atualidade, e seu lançamento foi feito com três propulsores reutilizáveis (sendo que dois foram recuperados com sucesso).
A carga do foguete - um carro elétrico conversível da empresa Tesla - também chamou a atenção de todos. Seu motorista, apelidado de StarMan (Homem das Estrelas), utiliza um inovador traje espacial, e foi assistido ao vivo por milhões de pessoas enquanto se afastava da Terra ao som de Space Oddity, de David Bowie.
Tudo foi muito perfeito, ou pelo menos, quase perfeito. E de acordo com Elon Musk, o carro Tesla e seu piloto em breve estarão orbitando Marte, e assim permanecerão por bilhões de anos! Isso mesmo, BILHÕES DE ANOS! No entanto, de acordo com um novo estudo, tem uma chance do carro elétrico Tesla colidir com Vênus ou até mesmo com a Terra.
Tesla de Elon Musk no espaço, com o boneco apelidado de StarMan.
Créditos: SpaceX
O estudo intitulado "O passeio aleatório de carros e suas probabilidades de colisão com planetas" foi liderado por Hanno Rein (professor assistente da Universidade de Toronto), Daniel Tamayo (pos-doutorado pelo Centro de Ciências Planetárias, também do Instituto de Astrofísica Teórica Canadense) e David Vokrouhlick (do Instituto de Astronomia da Universidade de Charles em Praga).
De acordo com Max Fagin, engenheiro espacial da Universidade do Colorado, o carro Tesla deverá estabelecer uma órbita em torno de Marte a partir de outubro de 2018, porém, isso não exclui as chances de máximas aproximações com a Terra durante os próximos milhões de anos.
Usando dados fornecidos pela NASA, Rein e seus colegas estudaram a possibilidade da trajetória do veículo ser alterada durante seus encontros com a Terra. A equipe determinou as futuras posições de todos os planetas do Sistema Solar e quais seriam suas interações gravitacionais com o Tesla.
O estudo indicou que o veículo Tesla irá se comportar exatamente com qualquer outro asteroide próximo da Terra (NEA), que de vez em quando cruza as órbitas de alguns planetas internos. Isso resulta em colisões ocasionais, no entanto, por não ter sido atraído do Cinturão de Asteroides mas lançado daqui do nosso planeta, as chances de colisão são menores.
Tesla de Elon Musk sendo acoplado a bordo da cápsula de Falcon Heavy.
Créditos: SpaceX
Além disso, entender a real probabilidade de impacto com a Terra é um verdadeiro desafio. Os pesquisadores afirmam que as chances mudam drasticamente durante os anos. As interações gravitacionais entre o veículo Tesla e os objetos do Sistema Solar (desde planetas até pequenos asteroides) podem mudar tudo em uma questão de anos, por exemplo.
Os pesquisadores simularam a evolução da órbita de Tesla para os próximos 1.000 anos, e em seguida, expandiram as simulações para os próximos 3,5 milhões de anos. Com isso, eles descobriram que em cerca de 1 milhão de anos, a órbita de Tesla permanecerá realizando encontros próximos com a Terra.
No entanto, as simulações também mostraram que o veículo sofrerá mudanças de excentricidade, o que resultará em interações cada vez mais frequentes e máximas aproximações com Vênus. Se considerarmos escalas de tempo muito longas, os pesquisadores disseram que até mesmo interações com Mercúrio são possíveis, apesar de improváveis.
Finalmente, as simulações feitas para os próximos milhões de anos mostram que uma colisão com os planetas rochosos do Sistema Solar é realmente possível.
"Apesar de haver diversos encontros próximos com Marte em nossas simulações, nenhum deles resultará em colisão. Percebemos que existe cerca de 6% de chance do Tesla colidir com a Terra e 2,5% de chance de colidir com Vênus no próximo 1 milhão de anos. As chances de colisão diminuem com o decorrer do tempo. Na simulação, observamos apenas uma única colisão com o Sol nos próximos 3 milhões de anos", disseram os pesquisadores.
Dada a intenção de Elon Musk de deixar seu carro Tesla orbitando Marte por um bilhão de anos, e de que civilizações extraterrestres venham até a encontrá-lo futuramente, será um tanto desapontador se ele voltar aqui pra Terra nos próximos anos.
Mas caso isso realmente aconteça, suponhamos daqui a 500 mil anos, com certeza o Homem das Estrelas e seu carro vermelho serão muito bem recepcionados, e aí a frase "Não entre em Pânico!", escrita no painel do veículo, fará ainda mais sentido durante sua reentrada na Terra.
Imagens: (capa-SpaceX) / SpaceX / divulgação
16/02/18
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Se ele voltar mesmo, quando voltar, deverá ser um "habitante" solitário numa Terra já sem vida.
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