Os dias de "caça aos planetas" do Telescópio Espacial Kepler estão chegado ao fim. Após encontrar mais de dois mil planetas fora do Sistema Solar, Kepler está com pouco combustível, e segundo engenheiros da NASA, sua missão terminará dentro de alguns meses.
"Nossas estimativas atuais são de que o tanque da Kepler secará dentro de alguns meses - mas ficamos surpresos com seu desempenho até agora! Assim, enquanto antecipamos que as operações de voo terminem em breve, estamos preparados para continuar enquanto o combustível permitir", disse Charlie Sobeck, engenheiro de sistemas da missão Kepler.
"A equipe da missão Kepler planeja coletar o máximo de dados científicos possíveis no tempo restante e transmiti-los à Terra antes que a perda dos propulsores movidos a combustível impossibilite o apontamento para transferência de dados", acrescentou ele. "Temos até planos de coletar dados adicionais com o restante do combustível, se a oportunidade se apresentar."
Mesmo quando a missão chegar ao fim, os dados do Kepler continuarão sendo analisados durante anos, à medida que os cientistas procuram confirmar outros possíveis planetas em seu arquivo. A contagem feita em 16 de março de 2018 já contabilizava a existência de 2.342 planetas identificados em suas duas missões - cerca de dois terços de todos os exoplanetas já descobertos. Além disso, existem outros 2.245 possíveis planetas que requerem mais observações.
A missão Kepler já custou cerca de 600 milhões de dólares, e foi lançada em 2009 com o intuito de encontrar exoplanetas em um local fixo na constelação de Cygnus. Durante quatro anos, observou as estrelas pelo escurecimento que ocorre quando um exoplaneta atravessa sua face, o que chamamos de trânsito planetário. O objetivo final da missão era encontrar exoplanetas rochosos que fossem do tamanho da Terra ou menores - um tipo de planeta raramente encontrado no início da missão. Em poucos anos, os dados de Kepler mostraram que os planetas rochosos são extremamente comuns no Universo.
Ilustração artística do Telescópio Espacial Kepler.
Créditos: NASA
A missão foi originalmente programada para durar dois anos, mas foi ampliada. Em 2013, após quatro anos de operação, três dos quatro giroscópios de Kepler falharam, então a NASA planejou uma nova missão para a espaçonave, chamada K2.
Usando a pressão do vento solar para manter a posição, a espaçonave giraria entre diferentes áreas do céu a cada três meses. Isso permitiria que Kepler continuasse procurando por exoplanetas, embora com um período orbital mais curto. Mesmo com a missão K2, Kepler superou as expectativas.
"Inicialmente, a equipe do Kepler estimou que a missão K2 poderia conduzir 10 campanhas com o combustível restante", disse Sobeck. "Acontece que éramos excessivamente conservadores. A missão já completou 16 campanhas."
Ilustração artística do exoplaneta Kepler-22b, localizado a cerca de 620 anos-luz
na constelação de Cygnus, descoberto em dezembro de 2011.
Créditos: NASA / JPL-Caltech
Ele acrescentou que não há medidor de gás mostrando quando Kepler ficará de fato sem combustível, então a equipe se baseia em estimativas. Essas estimativas consideram fatores como mudanças no desempenho do propulsor e quedas na pressão do tanque de combustível. Mas Kepler tem uma vantagem: ele está localizado no espaço profundo, e não perto de planetas que abrigam luas geladas, como era o caso da sonda Cassini, por exemplo, que visitou Saturno e permaneceu em órbita entre 2004 e 2017.
Quando uma sonda como Cassini vai ficando sem combustível, os engenheiros precisam deliberadamente causar uma queda em seus respectivos planetas, a fim de evitar que essas sondas à deriva caiam acidentalmente em uma lua gelada que tem o potencial de abrigar vida. Kepler, por outro lado, pode continuar em sua missão até o último segundo.
"Podemos nos dar ao luxo de extrair a última gota de dados da espaçonave, e isso significa que traremos para casa ainda mais dados científicos", disse Sobeck. "Quem sabe quais surpresas do Universo esses últimos dados trarão à Terra?"
Enquanto Kepler está chegando ao fim de sua missão épica, outras espaçonaves "caçadoras de planetas" já estão prontas para substituí-lo, como o satélite Transiting Exoplanet Survey, da NASA. Outra novidade que está prestes a ser lançada é o tão esperado Telescópio Espacial James Webb, que deverá entrar em operação em 2019, se tudo correr conforme o planejado.
Com isso, percebemos que Kepler não é o fim da caça aos planetas que orbitam outras estrelas, mas sim, o início de uma jornada fantástica!
Imagens: (capa-ilustração/NASA) / NASA / JPL-Caltech
20/03/18
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Mas de fato, o que acontecera com ele após o fim dos combustíveis. Ficará a deriva, inerte, atraído por algo, cairá na terra, como a estação chinesa?:
ResponderExcluirQue triste notícia. Missão Kleper fez várias descobertas!
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