Asteroide do tamanho de campo de futebol aparece sem aviso - como isso é possível?

asteroide 2018 GE3
Com tantos telescópios apontados para o céu, por que asteroides continuam passando por aqui sem serem detectados?


Praticamente sem aviso, um asteroide relativamente grande passou entre o sistema Terra-Lua no dia 15 de abril de 2018, a apenas 192.200 km de distância (0,5 DL) do nosso planeta. Mas com tantos telescópios apontados para o céu, como isso ainda acontece?

Intitulado 2018 GE3, o asteroide tem o tamanho aproximado de um campo de futebol, e foi descoberto algumas horas antes pelo Catalina Sky Survey, no dia 14 de abril.



Pouco depois, o astrônomo amador Michael Jäger, na Áustria, gravou um vídeo da rocha espacial enquanto ela passava pela constelação da Serpente:

Asteroide 2018 GE3 registrado por Michael Jager em 14 de abril de 2018 - versão curta
Asteroide 2018 GE3 registrado por Michael Jager em 14 de abril de 2018.
Créditos: Michael Jager

"Segundo a Wikipedia, 2018 GE3 é o maior asteroide conhecido a passar tão perto da Terra na história observacional", diz Jäger. "Ele estava brilhando como uma estrela de 13ª magnitude durante minhas observações."

Com base na intensidade de luz solar refletida, 2018 GE3 deve ter entre 48 e 110 metros de largura, de acordo com o Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA. Isso coloca 2018 GE3 na mesma classe do objeto que causou o famoso impacto de Tunguska, que derrubou florestas na Sibéria em 1908.




Outra comparação mais recente é o meteoro de Chelyabinsk, causado por um asteroide de 20 metros que explodiu na atmosfera sobre a Rússia no dia 15 de fevereiro de 2013, estilhaçando janelas e derrubando pessoas com sua onda de choque. A bola de fogo que riscou os céus era mais brilhante do que o Sol e clareou várias cidades vizinhas. O asteroide 2018 GE3 provavelmente poderia ser 5 vezes maior do que Chelyabinsk.


Por que ninguém viu o asteroide antes?

Grande parte dos asteroides têm apenas algumas dezenas de metros, o que os tornam difíceis de serem detectados. Mas mesmo sendo pequenos, eles podem ser perigosos caso colidam com alguma região do planeta.




Eles não são apenas pequenos, mas também escuros, pelo menos no comprimento de onda em que enxergamos (luz visível). O tipo mais comum de asteroide, os carbonáceos, são extremamente escuros, e não refletem luz solar suficiente para que seja captada por um telescópio comum.

Um asteroide que se encontra muito próximo da Terra também se move muito mais rápido no céu em comparação com um objeto distante - tudo isso dificulta muito a detecção desses objetos.

A melhor maneira de encontrar esses asteroides é ter vários telescópios varrendo o céu ao mesmo tempo. A NASA possui um programa que faz esse trabalho, utilizando uma grande rede de telescópios.




Esses instrumentos, no entanto, são otimizados para procurar por asteroides muito maiores, que teriam um impacto catastrófico em grandes regiões da Terra. Com isso, os asteroides menores acabam passando despercebidos na maioria das vezes.


Mas e se o asteroide 2018 GE3 tivesse atingido a Terra?

Por sorte ele passou a cerca da metade da distância da Lua, mas se sua órbita fosse alterada a ponto de trazê-lo de encontro com o nosso planeta, ele teria causado danos regionais, e não globais. Por conta de seu tamanho, uma parte dele deveria resistir a entrada na atmosfera e atingir o solo na forma de um meteorito.

Mesmo não atingindo a Terra, a passagem de 2018 GE3 é preocupante, pois nos mostra o quão vulneráveis estamos, apesar da tecnologia observacional de grandes observatórios.

Órbita do asteroide 2018 GE3
Órbita do asteroide 2018 GE3.
Créditos: Tomruen / Wikimedia Commons

Detectado a menos de 24 horas antes de sua máxima aproximação com a Terra, 2018 GE3 parece traçar uma órbita elíptica, estendendo-se desde o Cinturão Principal de Asteroides (entre Marte e Júpiter) até o sistema solar interior, cruzando as órbitas de Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.

A máxima aproximação desse asteroide bateu recorde, mas o asteroide 99942 Apophis irá superá-lo. Com cerca de 370 metros de diâmetro, Apophis passará a menos de 40.000 km da Terra em 13 de abril de 2029. Isso equivale a apenas 0.098 DL (distâncias lunares) - um verdadeiro rasante.




Além disso, outros asteroides ainda não descobertos deverão passar próximo da Terra. Os astrônomos acreditam que existem cerca de 17.000 asteroides próximos da Terra que ainda não foram identificados. 2018 GE3 era um deles...


Imagens: (capa-ilustração/divulgação) / Michael Jager / Tomruen / Wikimedia Commons
17/04/18


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3 comentários:

  1. Se ele atingisse a Lua, nós também estávamos bem complicados.

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  2. Não esquecendo de uma coisa, alem do tamanho, é sua velocidade o mais preocupante, a 106 mil km hora ia fazer uma estrago danado, fala se que iria queimar na atmosfera, mas pelo angulo de entrada sei não.

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