É verdade que as fotos do espaço têm cores falsas?

as fotos do espaço profundo tem cores falsas?
Elas são magníficas, mas será mesmo que suas cores não são verdadeiras?


Diariamente vemos fotos espetaculares liberadas pela NASA na internet. Elas variam de nebulosas super coloridas, supernovas cintilantes até a galáxias magníficas, e sempre super coloridas! Mas será que toda aquela cor é artificial?



É muito comum ouvirmos que "as fotos da NASA são falsas", ou que "as cores das fotos do espaço não são reais". De fato, algumas coisas não são muito reais, mas isso não quer dizer que são mentirosas... deu pra entender? Acho que não né?! Então vamos aos fatos.

A nossa visão tem um poder de percepção de cores muito, muito aprimorado. Mas esse poder só se estende por um pequeno trecho do espectro eletromagnético, chamado de "luz visível".

espectro eletromagnético
Escala do espectro eletromagnético. Repare que nossa visão
só consegue enxergar aquela pequena faixa do espectro "visível".
Créditos: divulgação

Ou seja, dentro daquela faixa da luz visível, nossos olhos conseguem distinguir milhares e milhares de tonalidades diferentes. A câmera do seu celular não consegue fazer isso, e por isso ficou tão comum aquela "edição básica", onde melhoramos as cores e o brilho a fim de conseguirmos uma imagem melhor. Pois bem: a NASA faz exatamente isso, e um pouco mais...


Mesclando imagens diferentes

As câmeras usadas no espaço geralmente usam imagens em um comprimento de onda específico, ou seja, elas não conseguem capturar todas as variações de cores. Então, para obter uma imagem que seja visualmente atraente, variações no espectro visível são amplificadas a fim de destacar diferentes partes de um objeto (como os braços de uma galáxia ou os anéis de uma explosão de supernova).

Nebulosa da Helice - cores reais ou falsas?
Imagem da Nebulosa da Hélice, localizada a 650 anos-luz de distância.
Essa imagem foi composta por registros feitos pelo instrumento ACS do telescópio Hubble e
pela câmera mosaico do telescópio WIYN.
Créditos: NASA / WIYN / NOAO / ESA / Hubble Helix Nebula Team / M. Meixner / STScI / T. A. Rector / NRAO

Por exemplo, a maioria das fotos do Telescópio Espacial Hubble tem três fases. Elas são feitas a partir de três imagens diferentes, usando filtros e comprimentos de onda diferentes. Cada comprimento de onda representa uma cor e um técnico de edição tem a responsabilidade de combinar todos os três. Esse processo pode ser demorado, pois as imagens precisam ser redimensionadas, movidas e cortadas para que fiquem alinhadas corretamente.




Em seguida, as três imagens precisarão ser equilibradas uma contra a outra para garantir um retrato preciso. Quando o "empilhamento" é finalizado, são retirados pixels ruins, e mais uma vez ela é redimensionada, e só depois estará pronta para ser exibida para o mundo!


Que cor tem o raio-x?

Muitos telescópios espaciais e terrestres observam o Universo através de comprimentos de onda que nossos olhos não enxergam. Até onde se sabe, não existe nenhum ser-humano com visão infravermelha, ou de raios-x. Então como os cientistas vão mostrar o que esses telescópios viram através do raio-x em cores reais? Como nossos olhos veriam os raios-x? Então vamos colocar cores nisso!

Nebulos da Hélice registrada no infravermelho pelo telescópio espacial Spitzer
Nebulosa da Hélice registrada no infravermelho pelo telescópio espacial Spitzer.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / Kate Su / Steward Obs / U. Arizona et al.

A olho nu, as cores mais frequentes no Universo (para nós, humanos) são azul e vermelho. Então geralmente, quando vemos essas cores em uma imagem de uma nebulosa liberada pela NASA, provavelmente é o que realmente veríamos se olhássemos com nossos próprios olhos. Mas o que dizer daqueles tons laranjas, roxos, verdes ou lilás?

De fato, o Universo não ostenta uma gama de cores tão diversificada, mas os cientistas precisam traduzir o que é visto em outros comprimentos de onda para o que os nossos olhos enxergam. Nesse caso, que tal adicionar uma cor laranja para tudo que uma câmera ultravioleta consegiu registrar?




Portanto, a resposta para a pergunta que não quer calar é que sim, as cores que vemos nas fotos do espaço profundo nem sempre são reais, mas os cientistas tentam ao máximo manter o que os nossos olhos veriam a olho nu.

Para estudar artefatos, como um elemento em específico, ou os braços de uma galáxia, pesquisadores adicionam cores extras a fim de separar o joio do trigo, assim, fica mais fácil estudar o espaço e suas maravilhas.

Pra se ter uma ideia, o mesmo objeto pode ser visto de diferentes formas e diferentes cores dependendo de qual faixa do espectro o observamos. Todas as imagens dessa matéria mostram o mesmo objeto: a Nebulosa da Hélice, porém, em diferentes faixas do espectro. Nessa última (abaixo), vemos a mesma nebulosa registrada por um telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), que observa o Universo através da luz-visível (a mesma que nossos olhos enxergam).




Agora você tem a prova real que o espaço não é (nem de longe) preto e branco como muitos afirmam... e as cores extras que vemos? No fim das contas, é tudo pela ciência.

Nebulosa da Helice na luz visível próxima do infravermelho - ESO
Nebulosa da Hélice registrada na luz visível próximo do infravermelho.
Créditos: ESO / Observatório La Silla



Imagens: (capa-NASA) / divulgação / NASA / WIYN / NOAO / ESA / Hubble Helix Nebula Team / M. Meixner / STScI / T. A. Rector / NRAO / JPL-Caltech / Kate Su / Steward Obs / U. Arizona et al. / ESO / Observatório La Silla
19/07/18


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8 comentários:

  1. Muito cativantes são as cores das estrelas ao telescópio... Impossível não se encantar com o "ouro e azul" de Albireo (Beta do Cisne) ou o "verde com vermelho" de 95 Herculis... Há também o "vermelho rubi" de certas estrelas de carbono e o belo azul de Acrux... Simplesmente fascinante...

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  2. Esclarecedor, tirou minhas dúvidas.

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  3. Não me convenceram esses argumentos. As imagens do universo mais comuns são mega obras de computação grafica, realmente não é só um filtrosinho. Com ajuda do cinema e de alguns entusiastas o universo está se transformando em uma lenda moderna.

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    1. Não por que os critérios não são estéticos nem artísticos. Geralmente eles criam diversas imagens de um mesmo corpo ou fenômeno, cada imagem tem uma função. A imprensa apenas divulga as imagens baseadas na visão humana que também possui utilidade para a ciência: ressaltar a presença de elementos químicos, gases, anomalias gravitacionais. É como as figuras de átomos e eletrons em livros do ensino médio. Uma imagem baseada em 100% do espectro luminoso seria a única realista, então não haveria nada na figura a não ser um único clarão kkkk

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    2. Cara, colocar as cores e nao explicar o que elas representam é no mínimo estranho, o que leva a conclusão que são sim artísticos e estéticos, e não científico. Imagens geradas expostas como se fossem fotos, sem nenhuma explicação...

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  4. Não acredito que esses telescópios estejam no espaço. Menos ainda nas fotos manipuladas pelos departamentos de arte.

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