Mistério na atmosfera chama a atenção de observadores do hemisfério norte

misterio na mesosfera - nuvens noctilucentes fora de época
Recentemente, algo estranho está acontecendo na mesosfera, mas ninguém sabe ao certo o que está causando isso


A mesosfera é uma camada da atmosfera tão alta que quase toca o espaço. É lá que surgem os meteoros que vemos durante a noite. No ar rarefeito, a 83 quilômetros acima da superfície da Terra, fragmentos de vapor de água formam cristais de gelo, que por sua vez são origem as famosas "nuvens noctilucentes", que podem ser vistas brilhando no céu noturno em altas latitudes.



Noctilucente significa "noite brilhante" em latim. Elas são visíveis geralmente no crepúsculo, e ainda não são completamente compreendidas.

Mas isso ainda não é a parte estranha...

Por conta do verão no hemisfério norte, observadores que encontram-se próximos do polo norte estão acostumados a ver essas nuvens noctilucentes surgirem em maio, se intensificarem em junho e perderem intensidade em julho, desaparecendo em agosto. Nesse ano de 2018, no entanto, algo diferente aconteceu. Ao invés de perderem intensidade em julho, elas ganharam uma luminosidade incomum - uma explosão de brilho!

Nuvens Noctilucentes fotografads em 26 de julho de 2018 em Simuna, na Estônia, por Kairo Kiitsak
Nuvens Noctilucentes fotografadas em 26 de julho de 2018 em Simuna, na Estônia.
Créditos: Kairo Kiitsak

"Foi uma exibição alucinante", diz Kairo, autor da fotografia. "As nuvens foram vistas durante a maior parte da noite, ondulando e brilhando por pelo menos 3 horas."

camadas da atmosfera da Terra
Camadas da atmosfera da Terra.
Créditos: divulgação

Outros observadores viram exibições semelhantes em julho. Em agosto, as nuvens persistiram. Durante a primeira quinzena de agosto de 2018, os relatórios de Nuvens Noctilucentes triplicaram em comparação ao mesmo período de 2017.





Mas qual seria a explicação?

Pesquisadores da Universidade do Colorado podem ter descoberto a razão pela qual as nuvens brilhantes não foram embora. "Houve uma onda inesperada de vapor de água na mesosfera", disse Lynn Harvey, do Laboratório de Física Atmosférica e Espacial do Colorado (LASP). O gráfico abaixo mostra que o final de julho e o início de agosto têm sido os mais úmidos na mesosfera nos últimos 11 anos:

Vapor de água na atmosfera - recorde
Gráfico gerado com dados coletados do satélite experimental Microwave Limb Sounder (MLS), da NASA.
Créditos: MLS

Além de estar mais úmida, a mesosfera também está um pouco mais fria do que de costume - a combinação perfeita para as nuvens noctilucentes.

Lynn Harvey e seus colegas ainda estão trabalhando para entender como essa quantidade extra de água chegou até lá.




O fenômeno também poderia estar ligado ao mínimo solar, agora em andamento. Foi possível notar que os anos mais frios e chuvosos anteriores ao ano de 2018 foram os anos 2008 e 2009 - justamente na época do mínimo solar anterior, que segue um ciclo de 11 anos.


Imagens: (capa-Kristian Pikner) / divulgação / Kairo Kiitsak / MLS
15/08/18


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Um comentário:

  1. Talvez tenha relação com a redução da atividade solar e o consequente aumento da incidência de raios cósmicos, que aumenta a nucleação e, por consequência, a formação de nuvens.

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