Meteorito de Bendegó - o sobrevivente brasileiro

historia do meteorito de bendegó - resumo
Conheça a história da rocha espacial que ganhou o imaginário popular


Após o grande incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, muita gente ficou abismada ao ver intacto o maior meteorito do Brasil. O que poucos conhecem é a história sofrida desse "brasileiro" que a cada dia vem ganhando mais olhares curiosos e aliciantes.



O meteorito de Bendegó foi encontrado em 1784 no sertão da Bahia, próximo a atual cidade de Monte Santo. Seu descobridor, Domingos da Motta Botelho, um garoto pastor de gado, descobriu a rocha de origem espacial durante uma caminhada pelas fazendas.




Quando foi encontrado, Bendegó tornou-se o segundo maior meteorito do mundo. Hoje ele continua sendo o maior meteorito já encontrado em solo brasileiro, mas ocupa o 16º lugar no ranking dos maiores do mundo.


A Fama

Logo após sua descoberta, o meteorito de Bendegó ficou conhecido em todo o mundo (isso numa época sem internet e sem telefone). O meteorito é do tipo siderito (composto principalmente por ferro e níquel), pesando 5.3 toneladas e medindo 2,20 metros de comprimento.

Meteorito do Bendegó - Museu Nacional do Rio de Janeiro
Meteorito do Bendegó no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Créditos: Jorge Andrade / Museu Nacional do Rio de Janeiro

Quatro réplicas em tamanho real foram construídas, e estão em exposição em Paris (Palais de la Découverte), no Museu do Sertão (em Monte Santo, Bahia), em Salvador (Museu Antares de Ciência e Tecnologia) e em Feira de Santana.


A Lenda

No local da queda do meteorito foi construído um monumento com forma de pirâmide, conhecido como "O Obelisco de Dom Pedro II", com inscrições que homenageavam o imperador e a Princesa Isabel, assim como outros nomes importantes, incluindo dos engenheiros responsáveis pelo seu transporte.

Obelisco de Dom Pedro II - meteorito de Bendegó
Obelisco de Dom Pedro II.
Créditos: divulgação

Após sua construção, o nordeste passou pela maior seca da história do país, matando mais de 400.000 pessoas. Por conta disso, moradores locais destruíram o monumento do obelisco por acreditarem que a seca era um castigo divino pela retirada da rocha espacial.




Outro obelisco foi construído na estação ferroviária de Jacurici, na Bahia. Conhecido como Obelisco de Bendegó, ele marca o sucesso dos serviços de engenharia que providenciaram o trasporte do meteorito.


A Sobrevivência

Em 1785, um ano após sua descoberta, o governador D. Rodrigues Menezes ordenou o transporte do meteorito até a capital Salvador. Carregado por doze bois, por conta de seu peso extremo, a rocha rolou ladeira abaixo e caiu no leito do riacho de Bendegó, a cerca de 200 metros do local original onde foi encontrado. Ali o meteorito de Bendegó ficou por mais de 100 anos - tanto tempo que o nome do riacho passou a ser também o nome do meteorito.

Meteorito de Bendegó no leito do riacho Bendegó, na Bahia
Meteorito de Bendegó no leito do riacho Bendegó, na Bahia.
Créditos: divulgação

Em 1886, o imperador Dom Pedro II passou a conhecer a história de Bendegó durante uma visita à Academia de Ciências de Paris, e decidiu realizar uma força tarefa para sua remoção.



Uma comissão de engenheiros (liderados pelo oficial José Carlos de Carvalho) conseguiu a façanha, e também com a ajuda de bois que carregavam o meteorito que deslizava sobre trilhos, ele chegou em Salvador, onde ficou em exposição por cinco dias.

Meteorito de Bendegó em fotografia de H. Antunes, tirada em 1887 mostrando o meteorito ainda na margem do riacho Bendegó, com o vice-almirante José Carlos de Carvalho e dos engenheiros Humberto Saraiva Antunes e Vicente José de Carvalho. Ao fundo, tremula a Bandeira do Império do Brasil.
Meteorito de Bendegó em fotografia de H. Antunes, tirada em 1887 mostrando o meteorito
ainda na margem do riacho Bendegó, com o vice-almirante José Carlos de Carvalho e dos engenheiros
Humberto Saraiva Antunes e Vicente José de Carvalho. Ao fundo, tremula a Bandeira do Império do Brasil.
Créditos: H. Antunes - Scan de O Rio Antigo, gráfica Laemmert LTDA

Em seguida, o meteorito foi transportado para Recife, através da locomotiva a vapor Arlindo. De Recife, o meteorito de Bendegó foi enviado para o Rio de Janeiro, sendo recebido no dia 15 de junho de 1888 pela Princesa Isabel.




Desde então, o meteorito permaneceu em exposição no Rio de Janeiro, no Museu Nacional (anteriormente Museu Real), sendo visitado por pessoas ilustres do mundo todo.

Albert Einstein visita o meteorito de Bendegó no Museu Nacional do Rio de Janeiro em 1925
Albert Einstein visita o meteorito de Bendegó no Museu Nacional do Rio de Janeiro em 1925.
Créditos: divulgação

Mesmo após o Grande Incêndio no museu, o meteorito de Bendegó ficou praticamente intacto, o que não foi uma surpresa, já que em 1820, naturalistas alemães (Spix e Martius) haviam ateado fogo à rocha por mais de 24 horas a fim de coletar alguns fragmentos. Esses fragmentos estão atualmente em exposição em alguns museus da Europa, sendo que o maior deles encontra-se no Museu de Munique, na Alemanha.


O Meteorito que conta histórias

Meteoritos de ferro, como é o caso de Bendegó, são fragmentos do núcleo de objetos muito grandes, como asteroides e protoplanetas, que após sofrerem colisões com outros corpos massivos se fragmentam e ejetam parte de seu núcleo de ferro para o espaço.




Esses fragmentos de ferro que datam do início do Sistema Solar permanecem vagando pelo espaço, até serem atraídos por um corpo maior. Nesse caso, este fragmento em específico caiu aqui na Terra, no Brasil.

Engenheiros e ajudantes durante remoção e transporte do meteorito de Bendegó
Engenheiros e ajudantes durante remoção e transporte do meteorito de Bendegó.
Créditos: divulgação

A julgar pela camada de 435 centímetros de oxidação sobre a qual ele repousava, calcula-se que o meteorito de Bendegó estava no local de sua queda há milhares de anos.

O meteorito de Bendegó até virou tema de cordel:
"A pedra constituída
De Ferro, Níquel e encanto.
Até o dia de hoje
Provoca tristeza e encanto
Queremos nossa pedra de volta
De volta pro nosso canto."
—A Saga da Pedra do Bendegó

Até hoje o meteorito de Bendegó continua contando sua história, catastrófica, sofrida e emocionante. A história do nosso Sistema Solar... a história do Brasil...

meteorito do Bendegó após incêndio no museu nacional UFRJ


Imagens: (capa-divulgação/Museu Nacional UFRJ) / Jorge Andrade / Museu Nacional do Rio de Janeiro / H. Antunes / O Rio Antigo, gráfica Laemmert LTDA / divulgação
04/09/18


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7 comentários:

  1. Consequência de um governo corrupto que não se preocupa em investir em educação, inovação, cultura, desenvolvimento científico e na própria historia do seu país. ta na hora de jogarmos todo o lixo fora do planalto, senado e câmara e colocarmos um governo patriota
    que verdadeiramente se preocupe com genuíno desenvolvimento cultural, socioeconômico e tecnológico do nosso amado BRASIL.

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  2. tá na hora de vir o meteoro... hehehe

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    Respostas
    1. Que tenha pelo menos um tamanho bom para destruir o congresso kkkkkkkkkkk...

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  3. Lamentável o descaso para com a ciência,cultura e educação nesse belíssimo país...

    Fazer o quê? Uma gente que se esconde atrás de uma preguiça endêmica, onde quase 60% da nação sofre de Síndrome de Münchhausen por indução estrangeira e prefere viver amargos, tristes e pesarosos dias à custa de uma cesta básica, vale transporte, vale gás, vale minha casa minha vida, vale tudo... Menos trabalhar.

    Um dia isso tem que acabar!

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  4. Respostas
    1. vc é um imbecil....como tantos outros, infelizmente

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  5. Só uma correção: o Museu Antares fica no município de Feira de Santana e não em Salvador.
    Parabéns pela matéria.

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