Hoje é um dia triste não apenas para o Brasil, como também para o mundo. Um incêndio de grandes proporções tomou conta do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro. O fogo teve início por volta das 19h30 desse domingo (2), e antes das 22h00 o incêndio já havia destruído as instalações da instituição que completava 200 anos em 2018.
A causa do incêndio ainda é um mistério. Quando o fogo teve início, a visitação já estava fechada, e apenas quatro vigilantes estavam no local. Eles conseguiram sair a tempo.
Virou cinzas
O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é a mais antiga instituição científica do Brasil e um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas.
O palácio serviu de residência à família real portuguesa de 1808 a 1821, abrigou a família imperial brasileira de 1822 a 1889 e sediou a primeira Assembléia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso do museu, em 1892. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938.
O acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro era uma dos maiores do mundo.
Créditos: Wikimedia Commons / divulgação
O Museu Nacional abrigava um vasto acervo com mais de 20 milhões de itens, englobando alguns dos mais relevantes registros da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, assim como um conjunto vasto de itens provenientes de diversas regiões do planeta, ou produzidos por povos e civilizações antigas. São mais de dois séculos de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações. O acervo era subdividido em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. Este museu era a principal base para as pesquisas realizadas pelos departamentos acadêmicos, desenvolvendo atividades em todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possuía uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.
Incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Créditos: TV Globo / divulgação
O Museu Nacional do Rio de Janeiro era considerado o 5º maior museu do mundo.
Coleção de meteoritos
O Museu Nacional era detentor da maior coleção de meteoritos do Brasil, com 62 peças. Meteoritos são rochas espaciais que vieram do espaço, e sobreviveram a violenta entrada na atmosfera atingindo o solo. A coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro abrigava exemplares com peças de grande relevância para o estudo de meteoritos.
Dentre os principais meteoritos da coleção, destacam-se:
- O Meteorito do Bendegó, o maior já encontrado no Brasil (mais especificamente na Bahia) e um dos maiores do mundo. Composto basicamente de ferro e níquel, esse meteorito de 5,36 toneladas tem mais de dois metros de comprimento;
- O Meteorito Santa Luzia, segundo maior encontrado no país. Este meteorito, também composto majoritariamente por ferro e níquel, pesa quase 2 toneladas e mais de 1 metro de comprimento;
- O Meteorito Angra dos Reis, cuja queda foi avistada na baía da Ilha Grande, em janeiro de 1869, por Joaquim Carlos Travassos e dois de seus escravos, responsáveis por recolher dois fragmentos, um dos quais doados ao museu;
- O Meteorito Patos de Minas, de 200 quilos composto por ferro, descoberto em 1925, no Córrego do Areado, em Patos de Minas, Minas Gerais;
- O Meteorito Pará de Minas, encontrado em 1934, também em Minas Gerais, composto por ferro e níquel com massa de 112 quilogramas;
A coleção incluía ainda dezenas de meteoritos menores e fragmentos de meteoritos com amostras dispersas por várias coleções. Dentre os exemplares estrangeiros, destacam-se os meteoritos Brenham (siderólito achado em 1882 no Kansas, Estados Unidos), Carlton (siderito achado no Texas, Estados Unidos, em 1887), Glen Rose (siderito encontrado no Texas em 1937), Henbury (siderito encontrado na cordilheira MacDonnell, na Austrália, em 1922) e Krasnojarsk (encontrado na Sibéria, Rússia, em 1749, o primeiro exemplar de siderólito palasito identificado).
Meteorito de Bendegó, em exibição no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Créditos: Gaturamo Observatório Astronômico
Com um incêndio dessa magnitude, é provável que parte da coleção de meteoritos tenha sido destruída. Com sorte, alguns exemplares maiores, e outros muito grandes como o meteorito de Bendegó, o maior do Brasil, possam sobreviver à essa catástrofe.
A perda histórica, científica e museológica é inestimável.
Segundo funcionários do museu, dois meteoritos resistiram às chamas, sendo Bendegó um deles. Bendegó é o maior meteorito já encontrado no país. Por ser praticamente de ferro maciço, ele é resistente a temperaturas muito elevadas.
Meteorito de Bendegó resistiu ao incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Créditos: Fernanda Rouvent / G1 / divulgação
Referente as outras peças da coleção de meteoritos, não se sabe ainda o que teria resistido às chamas e o que teria se perdido. Em breve atualizaremos essas informações.
Os três andares do Museu Nacional abrigavam mais de 20 milhões de itens, incluindo documentos do Império, artefatos greco-romanos, fósseis e a maior coleção egípcia da América Latina. A direção do museu não sabe o quanto foi perdido, ou o quanto teria resistido ao incêndio gigantesco.
Além dos meteoritos, entre os itens mais conhecidos do Museu Nacional estavam o esqueleto de dinossauro encontrado em Minas Gerais e o mais antigo fóssil humano descoberto na América, batizado "Luzia". Trata-se da instituição científica e do museu mais antigo do Brasil, que acaba de ter completado 200 anos. A visitação média mensal era de 5 a 10 mil pessoas.
ATUALIZAÇÃO
- 14:24 - Astrônoma resgata meteoritos do Museu Nacional após incêndio - Segundo matéria do Jornal Folha de São Paulo publicada no UOL a astrônoma Maria Elizabeth Zucolotto conseguiu salvar 18 meteoritos de um total de 24 peças expostas. Ela entrou na sala do Museu nessa segunda-feira por volta das 9 da manhã mesmo com risco de desabamento. O acervo completo contava com mais de 400 peças. Até o momento não sabemos quais seriam as peças resgatadas.
Atualizaremos essa página com mais informações no decorrer do dia.
Imagens: (capa-Uanderson Fernandes/Agência O Globo) / Wikimedia Commons / divulgação / TV Globo / Gaturamo Observatório Astronômico / Fernanda Rouvent / G1 / divulgação
02/09/18
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Uma grande perda pra nós brasileiros! Enquanto isso,governo de corruptos só investindo em carnaval,futebol e outras "prioridades particulares"
ResponderExcluirO pior e que eles deram verba para a instalação de incêndio que nunca foi construída,por que né...
ResponderExcluireles ate deram mas foi pouco demais para dar a assistência total precisava de 300 mil por ano para os reparos mas o valor foi bem menor em vez disso dão milhões pela a lei rounet para artistas
ExcluirQue tristeza para todos nós!
ResponderExcluirUma perda irreparável!
Banda Devassa - Rio de Janeiro. (Cultura, Esporte e Lazer).
ResponderExcluir"UMA PERDA IRREPARÁVEL" !!!!
Foi uma tragedia, não só para o Brasil.
Para o mundo é uma perda irreparável, e acho que todos nós temos alguma responsabilidade com a cultura nesse país, que vem sendo deixada de lado, vem sendo atacada, combatida por pensamentos que não compreendem a dimensão da cultura.
Que a gente reflita sobre o que nós estamos fazendo, nos permitindo fazer por esse museu, nós estamos dizendo para o mundo... nós estamos dizendo para os nossos filhos que nós não conseguimos cuidar de um patrimônio que não é só brasileiro, é um patrimônio de toda a humanidade, mas estamos abrindo mão de um processo civilizado, (como foi dito... por tantos outros).
Não são apena duzentos anos de história, com peças de milhares de anos. São duzentos anos de uma construção... são pesquisadores que ficaram sem projeto, e não é um museu que possa ser reconstruído, talvez na sua (pedra e cal) ele pode ser reconstruído.
Mas esse acervo, ele não se reproduz mais, são peças únicas... são peças que você não tem como repor. Nós estamos passando uma mensagem para toda sociedade brasileira, para toda sociedade mundial, porque não conseguimos cuidar desse patrimônio, apesar de todo o esforço de várias pessoas e de várias entidades, de vários ambientes de cultura do país.
Então eu acho que há algo desse incêndio e dessa cinzas que seja um grito... um clamor para que a cultura do Brasil volte a ter uma prioridade. Eu acho que a gente precisa buscar isso, a gente precisa trabalhar essa dimensão da cultura a partir dessa tragedia do incêndio. (Hugo Barreto - 02/09/2018).
Muito triste. Lamentável
ResponderExcluirQuando vi as imagens do incêndio só uma palavra me veio:incompetência.
ResponderExcluirSó vejo uma solução, sairmos a caça de politicos e extermina-los como pragas, qualquer politico q aparecer na nossa frente devemos mata-los.
ResponderExcluirQuanto mais vejo sobre o incêndio mais meu coração sangra...Chorei e choro pela perda irreparável sofrida por todos nós...Gostaria muito de te-lo visitado.
ResponderExcluirCheguei a ler comentários de políticos dizendo que iriam "restaurar" o acervo do Museu. Alguém que utiliza o termo "restaurar", quando qualquer pessoa que tenha o minimo de informação, saberia que não tem como restaurar um acervo histórico, demonstra o porquê a cultura do Brasil está em um patamar tão baixo.
ResponderExcluirTodos nós somos culpados, afinal, somos nós que colocamos esses políticos no poder. Por conta disso, temos a classe politica que merecemos, a crise econômica que merecemos e a perda da história que merecemos, já que damos tanto valor para o patrimônio histórico, quanto damos valor para a politica, ou seja, quase nada. Enquanto Renan Calheiros, Lula, Tiririca, Aécio, Bolsonaro (outro populista que nunca fez nada pela cultura do Rio de Janeiro em 28 anos de Congresso), continuarem a se eleger, mereceremos todo o caos que o Brasil produzir.
1960: "em 2000 teremos carros voadores!"
ResponderExcluir2018: ter que explicar, que investimento em ciências não é gasto..."
viva o brazzzill zz z 😴😞
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