Tudo sobre a chuva de meteoros Liridas 2019

chuva de meteoros liridas 2019
Finalmente chegou a tão esperada chuva de meteoros do mês de abril - saiba como, quando e onde observá-la


Todos os anos entre os dias 16 e 25 de abril, acontece a famosa chuva de meteoros Líridas (ou Lirídeas). Mas é nos dias 21 e 22 de abril que ocorre seu pico - momento em que a maior quantidade de meteoros pode ser observada.



A chuva de meteoros Líridas acontece quando a Terra passa pelo rastro de detritos deixado pelo cometa Thatcher C/1861 G1. Sempre, nessa mesma época do ano, nosso planeta passa justamente por esse rastro de fragmentos, atraindo os detritos que penetram em nossa atmosfera e criam as belíssimas "estrelas cadentes", como os meteoros são popularmente conhecidos.


Como observar a chuva de meteoros Líridas 2019?

A regra principal vale para todas as chuvas de meteoros: busque uma região o mais livre de poluição luminosa possível, ou seja, longe de cidades grandes ou luzes artificias que atrapalham nossa observação.




O radiante da chuva de meteoros Liridas (região do céu onde os meteoros parecem se originar) encontra-se ao lado da constelação de Lira - daí o nome da chuva. Pouco antes do amanhecer, por volta das 04h00 da madrugada, olhe para a direção norte do céu, e encontre a estrela Vega, que é a estrela mais brilhante da região:

radiante da chuva de meteoros Liridas 2019
Radiante da chuva de meteoros Liridas 2019.
Créditos: STELLARIUM         /         Edição: Galeria do Meteorito

Você não precisa encontrar exatamente o radiante da chuva para conseguir observar seus meteoros, já que eles riscarão rumo a várias direções do firmamento, mas claro, sempre se originando da região do radiante.

Quanto mais ao norte do Brasil você estiver, melhor será sua observação da chuva Liridas.

Se você se encontra em outro país do hemisfério sul, vale a mesma regra: quanto mais próximo do equador, melhor será sua observação. Observadores do hemisfério norte são privilegiados nessa chuva de meteoros.


Como os meteoros riscam uma grande extensão do céu em questão de instantes, nenhum equipamento é necessário. Telescópios, binóculos ou monóculos irão apenas atrapalhar a observação dos meteoros. O melhor é SEMPRE visto a olho nu!


Quantos meteoros poderemos ver?

Durante o pico, a chuva de meteoros Líridas costuma produzir cerca de 15 meteoros por hora (em céus limpos, sem nuvens e sem poluição luminosa), sendo que esse número pode chegar a 100 meteoros por hora em alguns anos.




Evite iluminação artificial que ofusque sua visão, como postes de luz. Celular, fogueiras e outras fontes de iluminação também ofuscam sua visão, e isso faz com que você consiga observar apenas os meteoros mais brilhantes, perdendo aqueles mais tênues.

Chuva de meteoros Liridas registrada pela NASA
Chuva de meteoros Liridas registrada pela NASA.
Créditos: NASA / MSFC

Nesse ano, a Lua estará praticamente no pico da fase Cheia, ou seja, a luz da Lua pode atrapalhar um pouco a observação. Em todo caso, não olhe na direção da Lua. No alto da madrugada, por volta das 04h00 da madrugada, o radiante estará a norte, e a Lua estará ao sul. Olhe à direita da Lua, e ofusque ela com algum objeto, ou uma parede, uma árvore.. assim você não terá o brilho da Lua ofuscando sua visão.


Transmissão ao vivo - Líridas 2019

É claro que teremos transmissões ao vivo em nosso canal no Youtube! Fiquem ligados, pois teremos imagens em tempo real feitas a partir da nossa câmera de monitoramento de meteoros, onde poderemos acompanhar a atividade dessa chuva e bater um papo com dicas e sugestões de observação. Clique aqui e já se inscreva no canal Galeria do Meteorito. Ative o sininho para receber as notificações!


A transmissão ao vivo tem início na noite de domingo (21 de abril).


Curiosidades sobre a chuva de meteoros Liridas

Você sabia que na verdade, ela deveria se chamar "Herculidas", e não "Líridas"? Seu radiante fica na constelação de Hércules. Essa chuva foi nomeada e identificada no século 19, quando a UAI (União Astronômica Internacional) ainda não havia adotado "oficialmente" a configuração das constelações atuais, que ocorreu somente em 1922.

Confúcio -  pintor Wu Daozi entre  685-758
Pintura de Confúcio feita pelo pintor Wu Daozi entre  685-758.
Créditos: Wikimedia Commons
Outra: Uma das razões que faz a chuva de meteoros Líridas ser uma das mais famosas é o fato dela nos surpreender de tempos em tempos, criando grandes "outbursts" - um grande aumento abrupto na quantidade de meteoros. Com isso, temos a possibilidade de observar uma taxa maior do que a esperada. Além disso, a cada 60 anos aproximadamente, ela dá um verdadeiro show, como relatado na Grécia em 1922, no Japão em 1945 e nas Américas em 1982. Em 1803, a chuva de meteoros Liridas produziu cerca de 700 meteoros por hora, o que também aconteceu em 687 a.C.

A chuva de meteoro Líridas é uma das mais antigas chuvas de meteoros relatadas em documentos antigos, sendo que alguns datam cerca de 2.700 anos atrás.

A China antiga já observava a chuva Líridas em 687 a.C., e a descrevia como algo que "caía como chuva". A data desses documentos antigos coincidem com o Período das Primaveras e Outonos, entre 771 e 476 a.C, que é associado ao renomado pensador chinês Confúcio, conhecido popularmente pelo seu ditado: "Não faças aos outros o que não queres que façam a ti". Será que o grande professor e filósofo Confúcio observou a histórica chuva de meteoros Líridas? Considerando os céus limpos daquela época, é provável que não apenas Confúcio como toda sociedade antiga tenha a observado...


Onde está o cometa Tatcher?

O cometa Thatcher (C/1861 G1) é o responsável pela criação da esteira de detritos que resultou na anual chuva de meteoros Liridas, que ocorre sempre na mesma época do ano.


Mas por conta de sua órbita de 415 anos (período que o cometa Thatcher leva para completar uma volta ao redor do Sol), não temos nenhuma fotografia desse incrível cometa.




A última vez que Thatcher passou pelo Sistema Solar interior foi em 1861, e naquela época, os equipamentos fotográficos ainda não haviam sido espalhados pelo mundo, e mesmo que já fossem comuns e usuais pela maioria das pessoas, a tecnologia da época era bastante precária se comparada com a atual - seria quase impossível fotografar o céu noturno com uma qualidade satisfatória.


Mas há esperança! A próxima vez que o cometa Thatcher passar por aqui, nós iremos fotografá-lo incansavelmente. A parte triste dessa história é que a nossa geração não estará mais aqui na Terra.. e nem a próxima.. nem a próxima... já que o cometa Thatcher só passará por aqui novamente em 2276...


Imagens: (capa-divulgação) / STELLARIUM / Galeria do Meteorito / NASA / MSFC / Wikimedia Commons
17/04/19


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