Molécula 'estranha' descoberta na atmosfera de Titã em Saturno pode ser sinal de vida

Algo assim nunca foi detectado em atmosfera alguma fora da Terra - uma descoberta inédita!

A busca por vida acaba de ganhar mais um capítulo promissor com uma nova descoberta de uma equipe de cientistas da NASA, com dados do ALMA (Atacama Large Millimeter / submillimeter Array), e publicado no The Astronomycal Journal.

Trata-se da ciclopropenilideno (C3H2), uma molécula baseada em carbono e hidrogênio que pode ser uma dos precursoras dos compostos mais complexos que formam os blocos de construção da vida como a conhecemos.

Os pesquisadores encontraram essa molécula na atmosfera de Titã, lua de Saturno, algo inédito, já que esse tipo de composto nunca tinha sido detectado em atmosfera de nenhum planeta ou satélite além da Terra, e no máximo era encontrado em estrelas.

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Sim, em estrelas esse composto é até comum, mas devemos lembrar que estrelas não apresentam nenhuma condição de sustentar vida, então a existência desse composto não é nada de se admirar.

O ciclopropenilideno já foi encontrado também espalhado pela galáxia, em nuvens de gás e poeira entre sistemas estelares, por exemplo, mas nunca havia sido detectado em uma atmosfera.

Mas quando se trata de planetas ou planetoides, aí sim a coisa fica interessante, já que nenhum outro planeta além da Terra tinha apresentado esse tipo de molécula... até agora!

Titã é o primeiro corpo além da Terra a apresentar esse composto que é um precursor da vida como conhecemos, de forma que se assemelha a uma "Terra Primitiva".

Ilustração artística mostra Saturno visto a partir da superfície de Titã.

Créditos: divulgação

"Quando percebi que estava olhando para o ciclopropenilideno, meu primeiro pensamento foi 'bem, isso é realmente inesperado'", disse Cono Nixon, cientista planetário a serviço da NASA.

Titã é a maior das 62 luas conhecidas de Saturno, e de certa forma é bastante parecido com a Terra, com uma densa atmosfera (quatro vezes mais densa que a nossa), atividade marítima, nuvens, chuvas, lagos e rios.

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A diferença é que, enquanto na Terra tudo isso é baseado em água, em Titã é o metano e etano líquido que se destacam, mas a Terra também era assim em um passado remoto.

Ou seja: estudar Titã é como estudar a Terra primitiva, e pode nos revelar o início da história do nosso planeta, além de dar mais informações sobre o início do Sistema Solar!

"Pensamos em Titã como um laboratório da vida real, onde podemos ver uma química semelhante à da Terra antiga quando a vida estava surgindo aqui", disse Melissa Trainer, astrobióloga da NASA.

A NASA já tem até uma missão chamada Dragonfly, planejada para ser enviada à lua Titã em 2027, que deve analisar tanto sua atmosfera, quanto sua superfície com a ajuda de um tipo de helicóptero equipado com vários instrumentos científicos, que poderá estudar grandes áreas.

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E com a descoberta de ciclopropenilideno (C3H2) em Titã, temos um novo composto que será muito investigado quando essa sonda estiver em Titã... 

"Cada pequena peça e parte que você pode descobrir pode ajudá-lo a montar o enorme quebra-cabeça de todas as coisas que acontecem lá", disse o cientista planetário Michael Malaska, da NASA.

Imagens: (capa-ESA/NASA) / divulgação

30/10/2020

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