Raro Alinhamento de Plutão indica Atividade Nunca Vista

Raro Alinhamento de Plutão indica Atividade Nunca Vista

Um raro alinhamento perfeito deu aos cientistas uma chance única na vida de observar o planeta anão, favorecendo observações reveladoras

Plutão está muito, muito longe de nós, a mais de 29 UAs, ou mais de 4 bilhões de km. E isso quando ele está no Periélio, ou seja: seu momento de maior aproximação com o Sol.


Já em seu afélio - momento em que ele está mais distante da nossa estrela - ele fica ainda mais longe, claro, podendo chegar a mais de 7 bilhões de Km do Sol, o equivalente a mais de 49 UAs.

Plutão também é muito pequeno, com pouco mais da metade do tamanho da nossa Lua. Tudo isso significa que observar esse pequeno Planeta Anão daqui da Terra é um imenso desafio.

Porém, a cada 161 anos, temos uma oportunidade muito especial, quando Plutão faz sua oposição, ou seja: fica alinhando com o Sol e a Terra, tornando-se mais iluminado e facilitando observações daqui do nosso planeta. Foi isso o que aconteceu em 13 de julho de 2018, e muitos pesquisadores já estavam a postos aguardando essa oportunidade por muitos anos!

Plutão e Caronte - NASA
Plutão e sua maior lua Caronte observados pela missão New Horizons que visitou o planeta anão em 2015.
Créditos: NASA

A cientista planetária Bonnie Buratti, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, era uma dessas pessoas, e já se preparava há dez anos para esse momento: "Nós agarramos esta oportunidade única na vida - bem, é uma vez em mais de uma vida, uma vez em dois séculos - essa chance de ver Plutão totalmente iluminado", disse ela.

Bonnie Buratti explicou que esse raro evento permitiu aos cientistas observarem o que eles chamam de "onda de oposição", quando um corpo celeste brilha mais do que o normal. Esse fenômeno, segundo ela, também poderia indicar uma superfície ativa no planeta, como se fossem brisas formadas pelo derretimento do gelo de metano e nitrogênio presentes nele.


Suas descobertas embasaram um novo artigo escrito por ela mesma no "Journal Geophysical Research Letters" em 8 de Junho de 2021. "Ao observar o quanto um objeto brilha quando fica iluminado, você pode dizer algo sobre sua textura e superfície - Tem neve? É fofa? É compacta?" explicou Buratti.

Ela e seus colegas usaram o telescópio Hale de 200 polegadas do Observatório Palomar, perto de San Diego. Com isso, a equipe conseguiu capturar observações super iluminadas de Plutão em 12 de julho de 2018, bem como em outros dias daquele mesmo mês e também em julho de 2019.

Plutão e suas luas
As luas de Plutão em escala: Caronte, Nix, Hydra, Styx e Kerberos.
Créditos: New Horizons / HST

O time de pesquisadores suspeita que Plutão seja muito mais ativo do que pensávamos. "Vimos coisas que nunca vimos antes por lá", disseram eles. Para Buratti, as novas observações são um lembrete radical de seu próprio trabalho durante o sobrevôo da New Horizons, já que é raro que os cientistas consigam usar equipamentos potentes o suficiente para diferenciar Plutão e Caronte ao observá-los da Terra.

"Pode haver neve em Plutão, parece haver muita geada se movendo, pode ter uma superfície realmente fofa e texturizada", completou ela.


Novas observações já estão sendo planejadas para registrar novos dados que possam ajudar na compreensão da superfície de Plutão. Os cientistas esperam cruzar dados da Missão New Horizons com observações ainda mais detalhadas que possam nos dar mais informações sobre esse distante e pequeno corpo, que embora tenha sido rebaixado a Planeta Anão, ainda ocupa um lugar gigantesco no coração de muita gente!



Imagens: (capa-divulgação) NASA / New Horizons / HST
21/06/2021


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