Confirmada observação da 1ª lua em formação ao redor de um planeta pela 1ª
vez
O disco de poeira capaz de formar satélites foi visto com clareza
surpreendente pela 1ª vez ao redor de um exoplaneta, e as observações devem
nos proporcionar um entendimento ainda melhor do processo de formação de
planetas e luas como jamais tivemos.
E se você está imaginando um disco do tamanho dos anéis de Saturno, ou
talvez da órbita mais externa das grandes luas de Júpiter, você está muito
longe da realidade...
Esse disco tem na verdade um raio entre 86 e 180 milhões de quilômetros, que
pode chegar a 1,2 vezes a distância da Terra ao Sol, e os especialistas
estimam que ele tem material suficiente para produzir três luas do tamanho
da Terra!
Ainda assim, e mesmo tendo de 1–10 vezes a massa de Júpiter, o exoplaneta PDS
70c nunca se igualará à coleção lunar do nosso gigante gasoso, com seus 4
grandes satélites com quase o dobro dessa massa.
A descoberta foi feita no sistema da estrela PDS 70, que é justamente a
mesma estrela onde dois anos atrás astrônomos acreditaram ter descoberto a
primeira evidência de um disco de poeira que pudesse formar luas circulando
um planeta.
Infelizmente a descoberta acabou não sendo confirmada devido a dificuldade
de vermos em meio ao caos de poeira e gás, e devido as imagens sem muita
clareza.
Mas agora finalmente temos a confirmação da primeira lua em formação ao
redor de um planeta!
Créditos: ALMA / ESO / NAOJ / NRAO / Benisty et al
A descoberta foi feita pela Dra. Myriam Benisty, da Universidade de
Grenoble, com dados do observatório ALMA, e foi publicada no periódico 'The
Astrophysical Journal Letters'.
"Nossas observações no ALMA foram obtidas com uma resolução tão exótica que
pudemos identificar claramente que o disco está associado ao planeta e
podemos restringir seu tamanho pela primeira vez", disse Benisty.
PDS 70 é um dos poucos sistemas estelares tão jovens que seus planetas ainda
são quentes o suficiente para que possamos vê-los diretamente, o que é
bastante incomum.
O sistema tem muito mais material espalhado ao seu redor, e parte dele é
consistente com um mundo do tamanho de Saturno na escuridão exterior.
"Essas novas observações são também extremamente importantes para provar
teorias de formação de planetas que não podiam ser testadas até agora",
afirmou o co-autor do estudo, Dr Jaehan Bae do Instituto Carnegie.
Astrônomos já propuseram que Júpiter e Saturno podem ter se formado muito
mais longe de onde estão agora, e sua migração para a posição atual pode ter
acontecido graças ao efeito gravitacional de um sobre o outro.
Também por isso é tão importante termos encontrado dois planetas ainda mais
massivos já presos em uma ressonância como essa, o que pode melhorar nossa
compreensão desse processo de migração.
Atualmente o exoplaneta PDS 70c orbita sua estrela a 34 UAs, (mais longe do que Netuno
orbita nosso Sol), enquanto seu irmão maior está a 22 UAs, distância
semelhante a Urano.
Essa descoberta também aumenta a expectativa pelo Extremely Large Telescope
(ELT), do ESO, que deve ficar pronto a partir de 2025, podendo nos dar dados
ainda mais claros e precisos sobre esse processo de formação de satélites.
Imagens: (capa-ilustração) / ALMA / ESO / NAOJ / NRAO / Benisty et al /
divulgação
03/08/2021
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