Já temos uma possível causa do asteroide Phaethon ter uma cauda muito
parecida com a de um cometa
O asteroide 3200 Phaethon é um asteroide do tipo 'sungrazer', ou
seja: daqueles que passam muito perto Sol de tempos em tempos. Mas ele não
parece ser um asteroide comum...
Cometas são conhecidos por deixar um rastro de material vaporizado quando se
aproximam do Sol, mas os asteroides não fazem isso. Acontece que o asteroide Phaethon (ou Faetonte) é um tanto diferente, e apresenta sim uma discreta cauda parecida com aquelas dos
cometas...
E justamente por isso ele acabou chamando a atenção, fazendo especialistas
se esforçarem para entender seu mistério.
Depois de muitas pesquisas, os cientistas descobriram que essa estranha
rocha espacial se torna mais ativa quanto mais se aproxima do Sol, a cerca
da metade da distância do planeta Mercúrio, e uma nova teoria sugere que
isso é resultado de sódio efervescente.
Asteroide 3200 Phaethon registrado pelo Observatório do Arecibo em 17 de
dezembro de 2017.
Créditos: Arecibo Observatory / NASA / NSF
"Phaethon é um objeto curioso que se torna ativo conforme se aproxima
do Sol. Nós sabemos que ele é um asteroide e fonte da chuva de meteoros
Geminidas, mas ele contém pouco ou nenhum gelo, então estávamos intrigados
pela possibilidade de sódio, que é relativamente abundante em asteroides.
Ele poderia ser o elemento que gera essa atividade", disse o autor principal
da pesquisa Dr Joseph Masiero, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
A própria chuva de meteoros Geminidas foi decisiva para essa pesquisa, pois
segundo os especialistas, ao contrário de
outras chuvas de meteoros, a queima de material da Geminidas na atmosfera não apresenta a coloração
alaranjada típica da queima do sódio.
O problema é que no vácuo, o sódio se transforma em gás em temperaturas
baixas, ou seja: qualquer coisa na superfície de Faetonte já teria evaporado
há muito tempo. No entanto, Masiero e os co-autores da pesquisa se
perguntaram se esse sódio não estaria preso em materiais como o feldspato,
no interior do asteroide.
"Asteroides como o Phaethon têm gravidade muito fraca, então não é preciso
muita força para empurrar os detritos da superfície ou desalojar rochas de
uma fratura", disse o coautor Dr. Björn Davidsson do Laboratório de
Propulsão a Jato da NASA.
Para testar sua teoria, Masiero e os co-autores aqueceram amostras do
meteorito Allende, considerado muito próximo da
composição de Phaethon, contendo 0,5% de sódio, a temperaturas de até
800ºC. Nas três horas que correspondem a um dia de Phaethon, o sódio foi
derramado, mas os outros elementos do meteorito permaneceram firmes, o que
corroborou a teoria.
"Nossos modelos sugerem que quantidades muito pequenas de sódio são tudo o
que precisamos para que isso aconteça - nada explosivo como o vapor em
erupção da superfície de um cometa gelado; é mais um 'chiado' constante",
completou Björn.
Se os autores estiverem certos, o sódio que migrou da superfície de Phaethon
e penetrou em seu interior poderia ser o responsável pela sua
estranha cauda de cometa.
O Dr. Björn Davidsson afirma que: "Se as condições forem adequadas, o sódio
pode explicar a natureza de alguns asteróides ativos, tornando o espectro
entre asteróides e cometas ainda mais complexo do que imaginávamos
anteriormente".
Imagens: (capa-NASA) / NASA / JPL-Caltech / IPAC / Arecibo Observatory / NASA
/ NSF / divulgação
17/08/2021
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