Nosso planeta Terra pode ter anéis em breve, mas serão anéis não tão bonitos
como os de outros planetas...
Quando falamos em
anéis de planetas, logo vem em nossa mente algo belo e surreal, como os magníficos "Anéis de
Saturno", por exemplo.
E embora muita gente não saiba, ele nem é o único, afinal outros objetos
também têm seus anéis, como Urano, ou até mesmo o
futuro sistema de anéis que Marte pode ter
quando uma de suas luas for despedaçada.
Mas agora esses
sistemas com anéis estranhos
poderão ganhar mais um planeta, com anéis ainda mais "peculiares", que podem
em breve existir em um lugar bastante surpreendente: no nosso próprio planeta,
a Terra!
E embora possa parecer uma honra nos juntarmos ao seleto grupo de
planetas com anéis, vale lembrar que os nossos devem ser
anéis de lixo, em um grande ajuntamento de detritos espaciais, o que não parece ser
exatamente uma bela visão, e nem mesmo uma boa demonstração de bons modos dos
humanos no trato de seu próprio habitat...
Sim, de acordo com um novo estudo liderado pelo professor Jake Abbott, da
Universidade de Utah, nos EUA, antes do primeiro satélite artificial ser
colocado na órbita da Terra, em 1957, o espaço ao redor do nosso planeta era
um lugar livre de objetos criados por humanos.
No entanto, desde então, isso mudou drasticamente, à medida que a humanidade
lança mais e mais foguetes com todo tipo de equipamento em nossa órbita. O
problema é que quando qualquer equipamento em órbita apresenta defeito, ou
chega ao fim de sua vida útil, ele fica por lá mesmo, já que ainda não temos
um bom
método de limpeza de lixos espaciais. E mesmo que tivéssemos, esse serviço sairia muito caro, por isso o lixo
espacial vai se acumulando.
Claro que grande parte desse lixo espacial, mais cedo um mais tarde
acaba sendo atraído pela gravidade da Terra e queimando em nossa atmosfera
como meteoros, mas uma quantidade gigantesca de detritos continua em nossa
órbita por muito tempo, e não deve sair de lá tão cedo...
E justamente por isso, o professor Abbott afirma que "a Terra está prestes a
ter seus próprios anéis", que serão feitos de lixo. Sim, no futuro nosso
planeta poderá apresentar grandes anéis de lixo espacial.
Muito lixo espacial por todo o espaço!
Segundo estimavas da ESA (Agência Espacial Europeia), que monitora
constantemente a população de destroços ao redor da Terra, atualmente existem
170 milhões de pedaços de lixo espacial com mais de um milímetro. Desse total,
670 mil objetos são maiores que 1,27 cm.
Pode parecer algo pequeno, mas esses fragmentos podem provocar sérios
problemas se atingirem satélites em operação, naves, telescópios espaciais ou
até mesmo a Estação Espacial Internacional (ISS), e o pior é que já vimos isso
acontecer.
Impacto de detrito espacial em um dos painéis solares do satélite
Sentinel-1A da Agência Espacial Europeia (ESA).
Créditos: ESA / divulgação
No dia 15 de novembro de 2021, por exemplo, os astronautas da ISS precisaram
se abrigar em espaçonaves por conta de uma nuvem de lixo espacial que
atravessaria seu caminho e poderia causar danos a Estação Espacial
Internacional, conforme
mostramos aqui mesmo em uma matéria especial.
E o número de fragmentos só tende a aumentar, a medida que os detritos vão
se chocando uns contra os outros, no que os cientistas chamam de "Síndrome de Kessler", que é basicamente um efeito dominó de colisões em órbita que vão gerando
cada vez mais destroços de tamanho ainda menor.
E não se engane: pequenos detritos podem ser ainda mais perigosos por serem
mais difíceis de detectar, além de tornarem qualquer trabalho de limpeza
ainda mais complicado.
Especialistas em lixo espacial afirmam que é necessário cobrar
medidas das grandes empresas, que lançam cada vez mais satélites ao espaço.
De qualquer forma, outros cientistas acreditam que essa responsabilidade
acabará se tornando vital pras próprias empresas de tecnologia espacial, já
que ninguém quer ver um de seus satélites de milhões de dólares sendo
destruído por uma
nuvem de lixo orbital.
Mas como já poderíamos imaginar, infelizmente qualquer solução para esse
problema ainda está muito distante. Embora existam diversos projetos, que
teorizam o uso de redes, imãs e diversas outras tecnologias, o
problema do lixo espacial
ainda está muito longe de ter qualquer solução, ou seja: os
anéis de lixo da Terra parecem uma realidade iminente.
E diante disso alguém poderia pensar: cada planeta tem o anel que merece,
ainda que a responsabilidade seja de uma espécie e não do planeta em si.
Imagens: (capa-ilustração) / ESA / divulgação
29/11/2021
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