Objeto que vai atingir a Lua não é parte de foguete Falcon 9

Um objeto que vai atingir a Lua em 4 de março não é uma parte do foguete Falcon 9

Um objeto que vai atingir a Lua em 4 de março não é uma parte do foguete Falcon 9 

O astrônomo responsável pela descoberta do próximo impacto, Bill Gray, anunciou no último sábado que cometeu um erro ao identificar o objeto que vai colidir com a Lua como um antigo estágio de um Falcon 9 da SpaceX que ajudou a lançar um satélite Deep Space Climate Observatory (DSCOVR) em 2015.


Na verdade, não se tem certeza sobre o que seja esse objeto, mas Gray sugere que poderia ser parte de um foguete Longa Marcha 3C que lançou a missão chinesa Chang'e 5-T1 em outubro de 2014.

Gray gerencia o software do Projeto Plutão usado para rastrear objetos próximos da Terra e colocou um aviso de correção em seu site no sábado depois de receber uma nota de um engenheiro do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, Jon Giorgini.

"Ele [Giorgini] escreveu a Gray no sábado de manhã explicando que a trajetória da espaçonave DSCOVR não foi particularmente perto da Lua e que, portanto, seria um pouco estranho se o segundo estágio se aproximasse o suficiente para atingi-la", escreveu Eric Berger. no Ars Technica.

Foguete Longa Marcha que foi lançado em outubro de 2014 para a missão Change 5 T1
Foguete Longa Marcha que foi lançado em outubro de 2014 para a missão Chang'e 5 T1.
Créditos: China Aerospace Science and Technology Corporation / divulgação

Espera-se que o estágio do foguete, independentemente de sua história de origem, atinja o lado oculto da Lua em 04 de março às 12:25 UTC (09h25 pelo horário de Brasília). O impacto não será visível da Terra.


Foi um erro

"Instigado pelo e-mail de Jon, eu vasculhei meus arquivos de e-mail para me lembrar por que eu havia originalmente identificado o objeto como o estágio DSCOVR em primeiro lugar, sete anos atrás. o objeto era, de fato, o segundo estágio do DSCOVR", escreveu Gray em sua atualização.

Ele estava usando dados do Catalina Sky Survey, que geralmente rastreia objetos próximos da Terra para avaliar ameaças à Terra, escreveu Gray. Catalina encontrou um objeto a cerca de um mês após o lançamento do DSCOVR, designado WE0913A e inicialmente acreditado ser um objeto natural.


"Pouco depois, um astrônomo no Brasil observou em um grupo de notícias que o objeto estava orbitando a Terra, não o Sol, sugerindo que poderia ser um objeto feito pelo homem", disse Gray. Após alguma conversa com o astrônomo, Gray e outros pesquisadores descobriram que WE0913A passou pela Lua dois dias após o lançamento do DSCOVR.

"Eu e outros aceitamos a identificação com o segundo estágio [do Falcon 9] como correta. O objeto tinha o brilho que esperávamos e apareceu no tempo esperado e se movendo em uma órbita razoável", continuou Gray, mas observou que a evidência era "circunstancial" em vez de totalmente conclusiva.


"Em retrospectiva", Gray continuou, "eu deveria ter notado algumas coisas estranhas sobre a órbita de WE0913A. Supondo que não houvesse manobras, ele estaria em uma órbita um tanto estranha ao redor da Terra antes do sobrevoo lunar. Em seu ponto mais alto, estaria próximo a órbita da Lua; em seu ponto mais baixo (perigeu), cerca de um terço dessa distância. Eu esperava que o perigeu estivesse perto da superfície da Terra. O perigeu parecia bastante alto."

A princípio, Gray pensou que essas variações poderiam ser devido ao vazamento de combustível restante, o que é muito comum em estágios de foguetes antigos. Dito isso, tal mudança na trajetória do DISCOVR exigiria uma quantidade incomum de combustível, embora ainda possível.


Após reanalisar os dados, Gray chegou na hipótese de Chang'e 5 T1. Essa sugestão ainda não é conclusiva, mas o astrofísico Jonathan McDowell, especialista em rastreamento de objetos próximos da Terra do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, também chegou na mesma conclusão.

"McDowell enviou elementos orbitais para um cubesat de rádio amador que conseguiu uma 'carona' com o booster, e é uma correspondência muito próxima", escreveu Gray, acrescentando. "Em certo sentido, isso continua sendo uma evidência 'circunstancial'. Mas eu a consideraria uma evidência bastante convincente."


Imagens: (capa-divulgação) / China Aerospace Science and Technology Corporation
15/02/2022


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