Cerca de 1.500 chamas foram acesas na Estação Espacial Internacional em cinco
anos para aprender como o fogo se comporta na microgravidade
A NASA está numa verdadeira jornada para entender
como o fogo se propaga no espaço - nada melhor do que usar a própria
Estação Espacial Internacional. Certo?!
A agência acendeu cerca de 1.500 chamas em seis investigações a bordo da
Estação Espacial Internacional, como parte do projeto de longa duração
Advanced Combustion via Microgravity Experiments, ou ACME. O objetivo do
projeto, que começou em 2017, utilizou o
ambiente de microgravidade para entender melhor a física, a estrutura
e o comportamento das chamas lá no espaço.
"Esse conhecimento pode ajudar designers e engenheiros aqui na Terra a
desenvolver fornos, usinas de energia, caldeiras e outros sistemas de
combustão que são mais eficientes, menos poluentes e mais seguros", disse
Dennis Stocker, Cientista do Projeto ACME no Centro de Pesquisa Glenn da
NASA, em um recente declaração da agência.
O tempo dos astronautas no espaço é precioso, então a equipe ACME procurou
executar os experimentos remotamente do Centro de Operações Glenn de Carga
Útil da ISS, em Cleveland.
Os experimentos, feitos dentro de um módulo do Combustion Integrated Rack da
estação, duraram 4,5 anos de operações em órbita. Embora o ACME não esteja
mais lá – ele foi removido em fevereiro para dar lugar a um novo conjunto de
experimentos de segurança contra incêndio chamado Solid Fuel Ignition
and Extinction, ou SoFIE – Stocker disse que a contribuição do conjunto de
experimentos ACME foi mais do que originalmente previsto.
"Mais de 1.500 chamas foram acesas, mais de três vezes o número
originalmente planejado", disse Stocker. "Vários 'recordes' também foram
alcançados, talvez mais notavelmente nas áreas de chamas frias e esféricas."
Diferença do fogo de uma vela na Terra (à esquerda) e no espaço (à
direita).
Créditos: NASA
O hardware da ACME deve retornar à Terra em algum momento de 2022, observou
a NASA, e será reaproveitado para um novo conjunto de experimentos que irão
para o espaço nos próximos anos.
Mas o que descobrimos sobre o fogo no espaço?
Nas próprias palavras da NASA, os experimentos concluídos são:
- Burning Rate Emulator (BRE) - materiais demonstrados podem queimar por minutos na ausência de fluxo de ar nas atmosferas dos veículos da tripulação sendo considerados para futuras missões;
- Coflow Laminar Diffusion Flame (CLD Flame) - produziu dados de referência em extremos fuliginosos e altamente diluídos para melhorar os modelos computacionais;
- Investigação de chamas frias com gases (CFI-G) - resultou em chamas frias não pré-misturadas de combustíveis gasosos sem aprimoramentos, como reagentes aquecidos, plasmas pulsados ou adição de ozônio, que foram necessários em testes de solo;
- Efeitos do Campo Elétrico em Chamas de Difusão Laminar (Chamas E-FIELD) - demonstraram o uso potencial de campos elétricos para reduzir as emissões de chamas não pré-misturadas;
- Flame Design - demonstrou, pela primeira vez, chamas esféricas não pré-misturadas quase estáveis e perda de calor por radiação levando à extinção de chamas maiores;
- Estrutura e Resposta de Chamas de Difusão Esférica (s-Flame) - forneceu dados sobre crescimento e extinção de chamas para o aprimoramento de modelos computacionais.
Além de nos ajudar aqui na Terra, as
pesquisas sobre o comportamento do fogo no espaço podem também criar
novos materiais resistentes às chamas, e acabar salvando a vida dos visitantes
espaciais - salvando assim também outras missões importantes e estudos feitos
no espaço.
Imagens: (capa-NASA) / NASA / Glenn Research Technology / divulgação
19/04/2022
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