Conseguimos ver o polo sul do Sol pela primeira vez! [e encontramos um 'ouriço-solar']

O misterioso polo sul do Sol e um "ouriço solar" foram revelados em novas imagens da nave Solar Orbiter

Foi divulgada uma nova coleção de imagens recordistas do Sol, capturadas pela sonda Solar Orbiter durante sua passagem próxima com a nossa estrela em março. As imagens revelam uma infinidade de detalhes nunca antes vistos, incluindo um curioso gêiser de gás que os cientistas apelidaram de "ouriço solar".

Durante a passagem, que levou Solar Orbiter a um terço da distância entre o Sol e a Terra, a espaçonave também vislumbrou o polo sul do Sol.

Foi a primeira vez que um telescópio (terrestre ou espacial) capturou imagens tão detalhadas dessa região do Sol, que os cientistas acreditam ter um papel fundamental na geração do campo magnético do Sol.

"As imagens são realmente de tirar o fôlego", disse David Berghmans, físico solar do Observatório Real da Bélgica e cientista-chefe do instrumento Extreme Ultraviolet Imager no Solar Orbiter, em um comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA), que lidera a missão. "Mesmo que a Solar Obiter parasse de coletar dados amanhã, eu estaria ocupado por anos tentando descobrir todas essas coisas."

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O Extreme Ultraviolet Imager é responsável pelas imagens mais impressionantes capturadas pela espaçonave, que foi lançada em fevereiro de 2020. A câmera revela em alta resolução fenômenos nas camadas inferiores da atmosfera do Sol - região responsável pelas erupções solares e ejeções de massa coronal, que são explosões de plasma magnetizado da atmosfera externa, conhecidas como corona.

Um ouriço (gigante) no Sol

Entre os fenômenos nunca antes vistos capturados nessa recente passagem próxima em 26 de março, está um estranho gêiser de gás quente e frio emanando da superfície do Sol em todas as direções que os cientistas apelidaram de "ouriço solar".

Uma estrutura que se parece com um ouriço foi vista no Sol durante

a grande aproximação da sonda Solar Orbiter em março de 2022.

Créditos: Solar Orbiter / ESA

Estendendo-se por 25.000 quilômetros (duas vezes o diâmetro da Terra), o "ouriço solar" cobre uma pequena fração do diâmetro do Sol de 1,4 milhão de quilômetros, mas é muito maior do que as mini-explosões solares do tamanho de continentes descobertas durante a primeira passagem próxima da espaçonave com o Sol em junho de 2020. Naquela época, a Solar Orbiter ainda estava na chamada fase de comissionamento e não no modo científico completo, e se aproximou da estrela apenas até a metade da distância Sol-Terra.

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"Estamos muito entusiasmados com a qualidade dos dados do nosso primeiro periélio (o ponto mais próximo da órbita de um corpo ao Sol)", disse Daniel Müller, cientista do projeto Solar Orbiter da ESA, no comunicado. "É difícil acreditar que este é apenas o começo da missão. Nós estaremos realmente muito ocupados."

As imagens do polo sul do Sol tiradas durante a passagem próxima são de especial interesse para os cientistas que estudam o comportamento do Sol e seu ciclo de atividade de 11 anos, o fluxo e refluxo periódico na geração de manchas solares, erupções solares e explosões.

Na mudança de ciclo, os polos magnéticos do Sol se invertem, o norte magnético se torna o sul e vice-versa, de acordo com a NASA. Ao medir em detalhes o que está acontecendo nas regiões polares do Sol, os físicos solares esperam desvendar o mistério desse estranho comportamento.

Região do Polo Sul do Sol registrada pela sonda Solar Orbiter em março de 2022.

Créditos: Solar Orbiter / ESA

Estudar os polos do Sol é uma das principais tarefas da missão Solar Orbiter. Na parte final da missão, os operadores da espaçonave irão inclinar a órbita da espaçonave para fora do plano da eclíptica, em que orbitam os planetas, para permitir uma visão mais direta dos polos, algo que nunca foi feito antes.

A passagem de 26 de março veio em um momento de atividade solar bastante intensa. A espaçonave estava na linha de fogo de várias explosões solares e uma ejeção de massa coronal, que mais tarde desencadeou tempestades geomagnéticas e apagões de rádio aqui na Terra.

"Estamos sempre interessados ​​nos grandes eventos porque eles produzem as maiores respostas e a física mais interessante, porque você está olhando para os extremos", Robin Colaninno, físico solar do Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA, que desenvolveu o instrumento SoloHI PI para a Solar Orbiter, disse no comunicado.

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Dos 10 instrumentos a bordo da Solar Orbiter, quatro deles medem as propriedades das partículas solares que atingem a espaçonave. Nas semanas em torno da passagem próxima, os instrumentos detectaram vários eventos estranhos que os cientistas ainda estão analisando. Os pesquisadores esperam poder criar conexões entre o que as câmeras, como a EUI, veem na superfície solar e o que está acontecendo no ambiente ao redor da estrela. Em última análise, eles gostariam de poder prever com mais detalhes os efeitos que essas explosões e ejeções de massa coronal têm na Terra.

A Solar Orbiter fará mais um sobrevoo íntimo com o Sol no dia 13 de outubro, ficando um pouco mais perto da estrela do que em março. Isso significa que novas imagens recordes podem ser esperadas. As passagens anteriores da espaçonave ocorreram a cerca de metade da distância entre o Sol e a Terra. Cada vez chegamos mais perto da nossa estrela!

Imagens: (capa-ESA) / Solar Orbiter / ESA

20/05/2022

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