Mas afinal por que baratas foram alimentadas com poeira da Lua? E como foram
parar em um leilão?
Uma amostra extremamente rara de material lunar foi colocada à venda no
Leilão de Raridades Notáveis de Boston, nos EUA.
Esse poderia ser apenas mais um evento como tantos outros que vendem
artefatos e materiais espaciais, mas dessa vez a NASA tentou impedir o
leilão pra recuperar seu precioso material. Segundo a agência Espacial dos
EUA, os itens pertencem ao governo federal norte-americano.
O que chamou mesmo a atenção foram os itens em questão: restos de poeira
lunar e detritos de baratas que já foram alimentadas com amostras de poeira
lunar da missão Apollo 11.
O experimento, que pode parecer muito estranho, serviu na realidade para
investigar se o solo lunar coletado em 1969 poderia conter algum patógeno ou
outro tipo de material contaminante que representasse uma ameaça à vida na
Terra.
A história do experimento das baratas alimentadas com poeira da Lua começou
em 20 de julho de 1969, quando dois membros da tripulação da Apollo 11 -
Armstrong e Buzz Aldrin - se tornaram os primeiros seres humanos a pisar na
lua. Em sua missão histórica, eles coletaram pouco mais de 21kg de material
lunar para trazer de volta à Terra para estudo.
Segundo informou a revista Science ainda em 1970, a NASA estava preocupada
se o solo lunar seria tóxico para a vida na Terra. Por isso, alimentou
alguns animais, incluindo peixes e insetos, por 28 dias e recrutou
pesquisadores de todo o país para avaliar os efeitos.
Algumas baratas alemãs que foram alimentadas com solo lunar acabaram no
laboratório de Marion Brooks, entomologista da Universidade de Minnesota.
Ela não encontrou evidências de que a poeira lunar fosse tóxica para as
baratas, de acordo com um artigo no The Star Tribune of Minneapolis de 6 de
outubro de 1969.
Quando o experimento terminou, a professora levou as baratas e todo o
conteúdo de seus estômagos para sua casa, onde o material ficou guardado até
sua morte em 2007. Depois, no ano de 2010, sua filha Virginia Brooks vendeu
os materiais. Ela disse em uma entrevista recente que não conseguia se
lembrar do valor que eles venderam, mas que não estava nem perto de US $
40.000.
Não ficou claro se a pessoa que comprou os materiais dela é a mesma pessoa
que colocou os itens à venda com a RR Auction. A casa de leilões está
mantendo o nome do vendedor privado.
Segundo Mark Zaid, advogado da casa de leilões, as preocupações da NASA
foram suficientes para que a empresa cancelasse o leilão. Ele disse que a RR
Auction alertou o proprietário sobre a disputa e gostaria que ele e a
agência espacial resolvessem a questão.
De qualquer forma o advogado alega que o governo tem um problema legal neste
caso, porque ainda não conseguiu apresentar qualquer documentação que
comprove a entrega do material à Universidade.
Além disso, segundo Bobby Livingston, vice presidente executivo da RR
Auction, o material lunar foi "propositalmente destruído" quando a NASA o
alimentou com as baratas. E foram as baratas, não a poeira lunar, que eles
enviaram à Dra. Marion Brooks".
Ainda em 24 de junho de 2022, a filha da Dra. Brooks procurou algum contrato
sobre o experimento, mas não conseguiu encontrar.
Ela foi então ao porão e abriu um cofre à prova de fogo que continha
arquivos sobre o experimento, onde encontrou uma placa que a NASA havia dado
à mãe dela, vários recortes de jornal sobre o experimento e um contracheque
da NASA no valor de US$ 100 que também pertencia à mãe dela.
Segundo a NASA, "Todas as amostras das missões Apollo, conforme estipulado
nesta coleção de itens, pertencem à NASA e nenhuma pessoa, universidade ou
outra entidade recebeu permissão para mantê-las após análise, destruição ou
outro uso para qualquer finalidade, especialmente para venda ou exibição",
disse o comunicado da NASA para a RR Auctions, do dia 15 de junho de 2022,
segundo a Associated Press.
"Estamos solicitando que você não facilite mais a venda de todos e quaisquer
itens que contenham experimentos com solo lunar da Apollo 11 (as baratas,
slides e espécimes de testes pós-destrutivos) interrompendo imediatamente o
processo de licitação."
A casa de leilões agora está negociando com a NASA e todas as partes
envolvidas para tentar resolver o problema. E até que apareça uma solução,
os restos de baratas e poeira lunar, que podem ser vendidos por pelo menos
$40.000 dólares continuam sob embargo.
Imagens: (capa-divulgação) / divulgação
28/07/2022
Gostou da nossa matéria?
Inscreva-se em nosso canal no YouTube
para ver muito mais!
Encontre o site Galeria do Meteorito no Facebook, YouTube, Instagram, Twitter e Google+, e fique em dia com o Universo Astronômico.
Um ótimo artigo para ler e assistir na hora do almoço.
ResponderExcluir