As pistas do maior aeroporto da América Latina tiveram que ser alteradas,
assim como os sistemas informativos do tráfego aéreo e toda a documentação de
navegação
O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, São Paulo, passou por uma mudança
operacional nesse mês de setembro por conta de uma alteração do campo magnético da Terra.
Parece estranho e bizarro, mas tudo faz sentido quando entendemos a lógica
operacional das pistas e suas marcações, em especial seus números de
cabeceira.
Durante o pouso, os aviões usam suas bússolas para se orientar e calibrar a
posição do avião para que seja feita a descida correta de forma alinhada na
pista do aeroporto. Por conta da mudança no campo magnético da Terra, os
padrões numéricos das bússolas tiveram que ser alterados.
Mas o que isso tem a ver com a pista do aeroporto?
As pistas dos aeroportos possuem números bem grandes pintados em suas
cabeceiras que vão de 01 à 36. Esses números representam os ângulos que as
bússolas magnéticas dos aviões devem marcar, com uma pequena mudança - eles
são divididos por 10. Pra simplificar, basicamente é retirado o último
número que deve aparecer na bússola.
Ou seja: Se a bússola deve apontar para 090º, a pista terá a numeração 09. A
pista que está alinhada a 160º terá o número 16, e assim sucessivamente.
Quando a pista está alinhada a 177º, por exemplo, o número da cabeceira é
arredondado para 18.
Quando temos duas ou mais pistas paralelas em um aeroporto, esses números
são acompanhados das letras L (esquerda), R (direita) ou C (central) -
sempre de acordo com o ponto de vista do piloto.
O aeroporto internacional de Guarulhos, que fica em São Paulo, possui duas
pistas com os números 27 e 09 na cabeceira, acompanhadas das letras L e R.
Por conta de alterações do campo magnético da Terra, o DECEA (Departamento
de Controle do Espaço Aéreo) - órgão ligado à FAB (Força Aérea Brasileira)
determinou que as pistas ganhem uma nova numeração - 10L/28R e 10R/28L.
Essas mudanças passaram a valer desde o dia 8 de setembro de 2022. Segundo a
GRU airport - empresa administradora do aeroporto - essa é a primeira vez
que isso acontece nessas pistas desde sua inauguração em 1985.
Parece pouco, mas a precisão é essencial para decolagens e pousos, sobretudo
para pousos que dependem exclusivamente de instrumentos bem calibrados e
100% operantes.
De acordo com a FAB, essa mudança no campo magnético da Terra altera em
média 1 grau a cada 10 anos. Portanto, podemos dizer que a mudança foi ainda
mais lenta do que o esperado.
E não são apenas as cabeceiras das pistas do aeroporto internacional de
Guarulhos que sofrem as alterações, mas também toda a documentação de
navegação, bem como os sistemas informativos do tráfego aéreo e toda a
sinalização de solo das pistas e pátios. A partir de agora, as novas
informações que são sempre consultadas para pilotos que vão pousar ou
decolar no aeroporto internacional de Guarulhos estão atualizadas.
Temos pelo menos 10 anos até que o campo magnético da Terra sofra alterações
significativas para justificar uma nova mudança.
Imagens: (capa-divulgação) / divulgação
19/09/2022
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