Buraco Negro Supermassivo está vagando no espaço intergalático

Buraco Negro Supermassivo está vagando no espaço intergalático

Um buraco negro supermassivo errante existia na teoria, mas nunca havia sido visto no Universo - até agora!

Algo nunca antes visto - um buraco negro supermassivo errante - acaba de ser observado pela primeira vez, de acordo com artigo publicado na revista Astrophysical Journal Letters.


Um buraco negro supermassivo com massa equivalente a 20 milhões de sóis, foi lançado para fora de sua galáxia.

Utilizando o Telescópio Espacial Hubble, os astrônomos observaram a galáxia anã RCP 28, que está numa distância de 7,5 bilhões de anos-luz. Mas um rastro estranho aparece na imagem.

O rastro brilhante parecia ser apenas mais um jato de partículas subatômicas carregadas que é lançado por um buraco negro que está se alimentando de forma voraz. A matéria que o circunda pode desencadear tal fenômeno. Mas os astrônomos perceberam que não parecia ser este o caso.

Buraco negro supermassivo ejetado de sua galáxia RCP 28 e seu rastro brilhante de estrelas nascendo por onde ele passa - HST - Pieter von Dokkum
Buraco negro supermassivo ejetado de sua galáxia RCP 28 e seu rastro brilhante de estrelas nascendo por onde ele passa.
Créditos: HST / Pieter van Dokkum

Pieter van Dokkum, professor de física da Universidade de Yale e principal autor do estudo, utilizou também o telescópio Keck. Ele percebeu que o rastro brilhante tinha um comprimento de 200.000 anos-luz (o dobro do comprimento da Via Láctea), e de fato, estava associado à galáxia que estava sendo observada.

O rastro brilhante observado é na verdade formado por estrelas jovens que estão nascendo por conta do choque do buraco negro supermassivo com o meio galático e a poeira e o gás perturbado. As estrelas mais jovens tem cerca de 30 milhões de anos.


O buraco negro supermassivo passou pela nuvem de gás e poeira a uma velocidade de 1.600 km/s (5,6 km/h).

Outra evidência é a morfologia da galáxia que foi alterada, o que sugere a ejeção do buraco negro supermassivo para fora de seu campo.


Como um buraco negro supermassivo pode sair de sua galáxia?

Buraco negros supermassivos abrigam no centro de suas galáxias. Quando duas galáxias colidem, seus buracos negros inevitavelmente vão se fundir, restando apenas um único buraco negro supermassivo central. Isso leva alguns milhões de anos, ou até cerca de 1 bilhão de anos para acontecer após a colisão inicial das galáxias.

Ilustração mostra o processo pelo qual um buraco negro supermassivo pode ser ejetado de sua galáxia - à direita temos o núcleo da galáxia RCP 28 e a posição dos buracos negros após ejeção
Ilustração mostra o processo pelo qual um buraco negro supermassivo pode ser ejetado de sua galáxia - à direita temos o núcleo da galáxia RCP 28 e a posição dos buracos negros após ejeção.
Créditos: Pieter van Dokkum / divulgação

Porém, quando os dois buracos negros ainda não se fundiram, e uma terceira galáxia se aproxima se fundindo às duas, este terceiro buraco negro supermassivo pode acabar perturbando a dança gravitacional dois dois buracos negros que já estavam lá, fazendo com que um deles seja ejetado pra fora da galáxia.

Este evento é raro, mas pode acontecer de acordo com modelos de computador.

"Ejeções de buracos negros supermassivos é o que pode acontecer de acordo com nossos modelos", disse Marta Volonteri, do Instituto de Astrofísica de Paris, que estuda simulações de colisões de buracos negros supermassivos.


Ou seja: o que estamos vendo é o rastro brilhante do nascimento de estrelas que foi desencadeado pelo buraco negro supermassivo que está vagando pelo espaço.

O Telescópio Espacial Hubble não conseguiu analisar o buraco negro supermassivo em si, ou seja, observar toda a radiação e os efeitos que ocorrem nas redondezas desse gigante. Porém, os astrônomos já estão ansiosos para observar o buraco negro supermassivo errante com o Telescópio Espacial James Webb - este sim terá capacidade de fornecer mais detalhes sobre esse monstro desgarrado que agora, parece viajar livremente pelo meio intergalático.



Imagens: (capa-ilustração) / HST / Pieter van Dokkum / divulgação
01/03/2023


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