Um objeto que caiu aqui na Terra pode estar revelando a posição do 'Planeta 9'
- será que agora vamos encontrá-lo?
A hipótese da existência de um Planeta Oculto no Sistema Solar é antiga. De
acordo com a órbita dos objeto trans-netunianos, existe uma
perturbação gravitacional que só pode ser explicada por um objeto
oculto de muita massa
que ainda não foi descoberto em nosso Sistema Solar.
Este objeto apelidado de "Planeta 9" ou "Planeta X" teria uma massa equivalente a 8 vezes a massa da Terra, e estaria numa
distância de pelo menos 10x a distância de Plutão - daí o motivo de nunca
termos o encontrado. É como encontrar uma pulga em um campo de futebol
usando apenas um microscópio.
Esse planeta 9 seria diferente de tudo que temos aqui no Sistema Solar, pois
não seria um planeta rochoso (como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte), e nem um
planeta gasoso (como Júpiter, Saturno, Urano ou Netuno). De acordo com os
cientistas, o Planeta 9 deve ser ou uma Super-Terra (rochoso e muito
maior do que todos os planetas rochosos do Sistema Solar) ou um Sub-Netuno
(gasoso porém muito menor do que os gigantes de gás que temos aqui).
Esses tipos de planetas existem, e já descobrimos alguns orbitando outras
estrelas. Mas será que o Planeta 9 realmente existe?
Um asteroide que veio na direção da Terra e colidiu no Pacífico em 2014
chamado CNEOS14, parecia ser um objeto interestelar, principalmente por
conta de sua velocidade altíssima de cerca de 60 km/s (quilômetros por
segundo).
A única explicação para ele ter essa velocidade e ao mesmo tempo, ser um
objeto do nosso Sistema Solar, era se ele tivesse feito uma estilingada
gravitacional em um planeta do Sistema Solar.
Para descobrir isso, os cientistas refizeram a órbita e
trajetória recente do meteorito CNEOS14, e constataram que ele não
fez nenhuma estilingada gravitacional para ganhar velocidade em um planeta
do Sistema Solar - ele simplesmente não passou perto de nenhum. Porém, algo
chamou a atenção dos astrônomos.
Nos últimos 60 anos, o
meteorito CNEOS14 passou exatamente na
posição prevista do Planeta 9. Uma estilingada gravitacional em um objeto com 8x a massa da Terra
explicaria perfeitamente sua origem do Sistema Solar, ao mesmo tempo que
explicaria sua alta velocidade. A chance de isso ser apenas uma coincidência
é de menor do que 1%, de acordo com os pesquisadores.
A faixa colorida mostra onde estaria o Planeta 9 - cores mais quentes
revelam sua posição mais esperada.
O oval azul mostra por onde passou o asteroide CNEOS14 antes de vir na
direção da Terra.
Créditos: divulgação
Por conta disso, foi formulado a hipótese do mensageiro para o
meteorito CNEOS14 - quando uma partícula traz informações de outro
objeto celeste.
A
estilingada gravitacional teria então acontecido exatamente onde o
Planeta 9 estaria, em uma região na direção das constelações de Áries, Touro e Cetus.
Agora, uma campanha de observações com o Observatório Javalambre, na
Espanha, está em andamento para descobrirmos quem sabe, de uma vez por
todas,
o Planeta 9.
Vale lembrar que já vimos essa história antes, afinal, o último planeta do
Sistema Solar, Netuno, foi descoberto através de cálculos matemáticos feitos
por Urbain Le Verrier. Ao analisar a órbita de Urano, os astrônomos
acreditavam que havia uma perturbação gravitacional que só poderia ser
explicada pela existência de um planeta muito grande além da órbita de
Urano. Após mais de 60 anos, foi descoberto o planeta Netuno - com um erro
de apenas 1 grau de acordo com a posição calculada por Verrier.
Se isso estiver correto,
a queda do meteorito CNEOS14 terá então revelado a posição exata do
Planeta 9
- chega a ser poético e dramático. Como diria o astrônomo e filósofo
italiano, Giordano Bruno, "se non é vero, é ben trovato" (se não é verdade,
é bem inventado").
Imagens: (capa-ilustração) / divulgação
23/06/2023
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