O que uma explosão solar de radiação pode causar no
corpo humano? Uma
tempestade solar pode ser gatilho para AVC e ataque cardíaco?
Essa é uma área da ciência que tem sido motivo de debates há décadas, e foi
pensando nisso que decidimos investigar a fundo.
Diversos estudos mostram a correlação entre tempestade solar e AVC,
bem como a correlação entre tempestade solar e ataque cardíaco. Em
contra partida, alguns estudos não encontraram essa ligação entre a
atividade solar, as explosões solares e as tempestades geomagnéticas com
efeitos no corpo humano. Mas quais são as diferenças entre eles?
Em 1979 um estudo identificou
problemas cardíacos após perturbações geomagnéticas ocorridas por
tempestades solares. Foram analisadas entradas em emergência por problemas cardíacos entre
1967 e 1972 nas regiões de Hyderabad e Secunderabad, na Índia. A correlação
era clara e indiscutível.
No entanto, também em 1979, um outro estudo analisou os mesmos dados, porém
com uma janela de tempo menor, de 1969 à 1970, na Inglaterra. A
correlação entre tempestades solares e ataques cardíacos não foi
encontrada por lá.
Em 2013, um estudo russo intitulado
"A influência meteorológica e geomagnética em infartos do miocárdio e AVC
em Moscow, Rússia". Neste estudo foram analisados os impactos de temperatura, pressão
atmosférica e atividade geomagnética em problemas cardiovasculares. 2.833
casos de infartos foram analisados, bem como mais de 1.000 casos de AVC em
hospitais de Moscow entre 1992 e 2005. O que eles perceberam?
Sobre os infartos:
-diminuem com temperatura alta
-diminuem com pressão maior
-aumentam com perturbação geomagnética
Sobre os AVCs:
-dobram com ondas de frio
-aumentam com mudanças de temperatura
-alguns efeitos com queda de pressão
-aumentam com perturbações geomagnéticas
Em 2007 saiu um outro estudo importantíssimo -
"Efeitos da Atividade Geomagnética e Meteorológica em pacientes com
hipertensão". Foram analisados 33 pacientes com problemas de pressão durante um período
de 3 meses no Instituto de Cardiologia de Myasnikov.
Os cientistas combinaram dados de perturbação geomagnética por tempestades
solares, pressão atmosférica e temperatura ambiente. O resultado mostrou que
a temperatura e a pressão atmosférica alteram a pressão arterial, assim como
a atividade geomagnética causada por tempestade solar - sobretudo indivíduos
com sensibilidade aos efeitos da tempestade solar.
Em 1997 um estudo chamado
"Atividade Solar e Geomagnética: Existe Associação com ocorrência de
AVCs?". Nele, foi estudada a população da Sibéria entre 1982 e 1992, onde mais de
2.000 pacientes que tiveram AVC foram analisados.
Os resultados mostraram que grandes flutuações geomagnéticas eram
precursoras de AVCs, sendo que as tempestades solares ocorriam em média um
dia antes do aumento de casos de AVCs.
Porém, foi em 2014 que saiu um mega-estudo. "Mega" por contar com 14
cientistas dos mais renomados em suas respectivas áreas. O estudo foi
intitulado
"Tempestades Geomagnéticas podem ser Gatilho para AVCs"
(sim, na afirmação).
Alguns dos autores desse estudo são:
-Valery Feigin, Phd Instituto Nacional de AVC e Neurociências da
Universidade de Auckland, Nova Zelândia
-Priya Parmar, Universidade de Auckland, Departartamento de Estatistica e
Fisiologia
-Suzanne Barker-Collo, professora de neuropsicologia da Universidade de
Auckland
-Derrick Bennett, Senior de Estatística, Departamento de Saúde da População
de Nuffield, Reino Unido
-Craig S. Anderson, professor de neurologia e epidemiologia em Sydney,
Austrália, Ex-presidente da Organização de AVC da Ásia-Pacífico e da
Sociedade de AVC da Australásia
-Amanda Thrift, professora Emérita da Universidade de Monash, em Melbourne,
Austrália, Chefe da Divisão de Epidemiologia e Prevenção e diretora do Grupo
de Pesquisa sobre AVC e Envelhecimento
Nesse mega-estudo, analisaram o índice Kp que mede a perturbação
geomagnética por tempestades solares. 16 milhões de pessoas foram estudadas
entre 1981 e 2004. O estudo conta com populações da Nova Zelândia,
Austrália, Reino Unido, França e Suécia. Das 16 milhões de pessoas, 11.453
tiveram AVC (Acidente Vascular Cerebral). Os resultados foram
impressionantes.
-no geral temos
19% de aumento nos casos de AVC por tempestades solares
-abaixo dos 65 anos o aumento é maior que 50%
-Tempestades Geomagnéticas Moderadas causam um aumento de 27% nos casos de
AVC
-Tempestades Geomagnéticas Fortes causam um aumento de 52% nos casos de
AVC
-Tempestades Geomagnéticas Severas causam um aumento de 52% nos casos de
AVC
A conclusão do estudo foi que:
tempestade geomagnética está associada à riscos de AVC e deve ser
considerada junto com outros fatores de risco.
Como se não bastasse, em 2020 outro estudo foi publicado. Nele foram
analisados dados da cidade de Kauna, na Lituânia entre 2000 e 2012.
Resultado:
-infarto do miocárdio tem aumento com pressão maior do vento solar (quando
sustentada por mais de 4 dias)
-infarto do miocárdio tem aumento quando o vento solar tem mudança de 100
km/s na velocidade por mais de 3 dias
-infarto do miocárdio tem aumento com quedas bruscas de temperatura
Paulo Mallard, médico neurocirurgião e membro do canal Galeria do Meteorito
confirma:
"quando ocorrem tempestades solares e explosões de radiação, notamos um
aumento significativo em casos de AVE
(Acidente Vascular Encefálico)". A opinião de quem está na linha de frente
na saúde do Brasil dá ainda mais peso para as sustentações dos estudos
científicos.
Vale ressaltar que não é apenas o Sol que pode ter
influência nos casos de AVC e Infartos. Temperatura ambiente também influencia, bem como pressão atmosférica e
fator genético. E além disso, tudo indica que as tempestades solares também
devem ser consideradas.
Imagens: (capa-ilustração) / divulgação
19/08/2024
Gostou da nossa matéria?
Inscreva-se em nosso canal no YouTube
para ver muito mais!
Encontre o site Galeria do Meteorito no Facebook, YouTube, Instagram, Twitter e Google+, e fique em dia com o Universo Astronômico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário